Antes de prosseguir e relatar do caso que hoje me traz ao cromo da semana, importa dissipar eventuais conflitos de interesse. No caso pela negativa. Não sou adepto do CHEGA nem do seu histriónico presidente. Estou, ainda que sem filiação, nos antípodas do popularucho André.

Dito isto, é com algum pudor – nascido da aberração que vos relato – que ouso perguntar: onde estavam o Presidente Marcelo, o Primeiro-Ministro António Costa e a Ministra da Justiça, Francisca Eugénia, com a cabeça quando engendraram o plano de contenção do COVID 19 nas prisões através da libertação precoce de presos?

Não se discutem aqui as razões jurídicas e sanitárias que fundamentaram a decisão, mas a decisão em si, despida de um qualquer enquadramento de salvaguarda social.

Imaginem o que aconteceria se tirassem os ditos responsáveis dos seus ofícios, sem “cheta” e os mandassem passear? O que iria acontecer? Um morria afogado em Cascais, o outro de fome e a terceira, detida por assaltar uma loja de guloseimas.

 A verdade é que não houve qualquer libertação de detidos. Mandaram-nos passear, por sua conta e risco, sem qualquer subvenção que lhes permitisse, pelo menos, apanhar o metro do Parque para fazerem o percurso que levaria, parte deles, ao terreiro do paço, outros à Amadora e outros ainda ao Poço do Bispo. 

Nada. Nem um tostão. 

Quem não tinha família para os acolher, ficou na rua.

A falta de humanidade com que todo o processo foi conduzido envergonharia o mais impenitente.

O resultado não poderia ter sido diverso do que se tem vindo a verificar. Uns (parece que até agora cinco), reincidiram e foram apanhados pela polícia, com guia de marcha de regresso à prisão. Outros, depois de dias a deambular, sem comida nem teto, apresentaram-se nos calabouços. Parece que há até infetados

Francamente, era mesmo necessária uma brutalidade destas?

MMM