Apoio às empresas em ‘lay-off’ diferenciado em função da quebra de faturação

2 de Junho 2020

O apoio às empresas em ‘lay-off’ que retomarem a atividade será diferenciado em função da quebra de faturação, com vista a direcionar as ajudas públicas “a quem mais precisa”, afirmou hoje a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

Para “garantir a recuperação dos salários e que os apoios chegam a quem mais precisa” na fase da retoma da atividade, o apoio à manutenção do emprego criado no âmbito da pandemia de covid-19 será maior quanto maior for a quebra de faturação da empresa, explicou a ministra Ana Mendes Godinho no final da reunião da Concertação Social, na qual os parceiros discutiram o Plano de Estabilização Económica e Social (PEES).

Por sua vez, as regras atuais serão mantidas para as empresas encerradas por ordem legal ou por questões sanitárias, ou seja, corresponderá a dois terços da remuneração, suportados em 70% pela Segurança Social e em 30% pela entidade empregadora.

A ministra adiantou que o apoio que será atribuído na atual fase da retoma da atividade “é transversal” a todos os setores e “é focado em apoiar a retoma da atividade e não a suspensão”.

“Estamos a adaptar o apoio para ter um instrumento que apoie o regresso à atividade, garantir a recuperação dos salários e manter postos de trabalho”, afirmou Ana Mendes Godinho, sem revelar, contudo, qual será a percentagem da remuneração correspondente.

Segundo a governante, o valor em concreto não foi discutido na reunião com os parceiros sociais, “mas foi assumido, como princípio, responder aos salários de forma progressiva em função dos próximos meses”.

Ana Mendes Godinho realçou que o ‘lay-off’ tem como objetivo ajudar as empresas a manter postos de trabalho, salientando que, em maio, o número de novos inscritos nos centros de emprego “foi o mais baixo dos últimos três meses”.

A ministra do Trabalho defendeu que o ‘lay-off’ simplificado “é uma medida de grande eficácia para manter postos de trabalho”, acrescentando que o apoio abrangeu até agora 804 mil trabalhadores.

Questionada sobre quando estará disponível o apoio do Instituto do Emprego e Formação Profissional para a normalização da atividade das empresas, correspondente a 635 euros por trabalhador, a ministra garantiu que “estará operacional a partir do momento em que terminar o ‘lay-off’”.

O ‘lay-off’ simplificado (suspensão do contrato ou redução do horário de trabalho com perda de remuneração) termina em 30 de junho, mas o Governo já tinha admitido uma nova medida semelhante, adaptada à atual fase de desconfinamento, em que a maioria das atividades económicas já foi retomada.

Na sexta-feira, no final do Conselho de Ministros, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou que procurará que a futura medida de proteção ao emprego “não tenha um peso tão pesado” na perda de rendimentos dos trabalhadores como o atual mecanismo de ‘lay-off’ e, idealmente, nem implique qualquer perda.

Por outro lado, o primeiro-ministro defendeu que a medida não pode constituir “um incentivo perverso à inatividade por parte das empresas”, mas tem de ser um estímulo para que possam abrir portas e participar no esforço de relançamento da economia.

O semanário Expresso noticiou no sábado que, entre os cenários que estão a ser estudados pelo Governo, inclui-se um que prevê o pagamento de 100% da remuneração dos trabalhadores com remunerações mais baixas.

Em estudo está também, segundo o jornal, o fim da isenção das contribuições para a Segurança Social a cargo das empresas – que atualmente é concedida a quem tenha recorrido ao ‘lay-off’ simplificado –, nomeadamente para as empresas de maior dimensão.

Questionada sobre esta possibilidade, a ministra do Trabalho não respondeu.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Confiança: o pilar da gestão de crises na Noruega

A confiança foi essencial na gestão da pandemia pela Noruega, segundo o professor Øyvind Ihlen. Estratégias como transparência, comunicação bidirecional e apelo à responsabilidade coletiva podem ser aplicadas em crises futuras, mas enfrentam desafios como polarização política e ceticismo.

Cortes de Ajuda Externa Aumentam Risco de Surto de Mpox em África

O corte drástico na ajuda externa ameaça provocar um surto massivo de mpox em África e além-fronteiras. Com sistemas de testagem fragilizados, menos de 25% dos casos suspeitos são confirmados, expondo milhões ao risco enquanto especialistas alertam para a necessidade urgente de políticas nacionais robustas.

Audição e Visão Saudáveis: Chave para o Envelhecimento Cognitivo

Um estudo da Universidade de Örebro revela que boa audição e visão podem melhorar as funções cognitivas em idosos, promovendo independência e qualidade de vida. Intervenções como aparelhos auditivos e cirurgias oculares podem retardar o declínio cognitivo associado ao envelhecimento.

Défice de Vitamina K Ligado a Declínio Cognitivo

Um estudo da Universidade Tufts revela que a deficiência de vitamina K pode intensificar a inflamação cerebral e reduzir a neurogénese no hipocampo, contribuindo para o declínio cognitivo com o envelhecimento. A investigação reforça a importância de uma dieta rica em vegetais verdes.

Regresso de cirurgiões garante estabilidade no hospital Fernando Fonseca

O Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Fernando Fonseca entra num novo ciclo de estabilidade com o regresso de quatro cirurgiões experientes, incluindo o antigo diretor. A medida, apoiada pelo Ministério da Saúde, visa responder às necessidades de 600 mil utentes.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights