Para estudar os detalhes da infeção pelo novo coronavírus sob condições próximas da realidade, uma equipa de investigação da Ruhr-Universitaet Bochum (RUB) está a cultivar organoides do pulmão humano a partir de células-tronco. Este método também permite realizar testes com várias substâncias ativas.
O projeto “Análise dos organoides pulmonares humanos infetados por SARS-CoV-2”, conhecido como “Organsars”, é liderado pelos professores Thorsten Müller e Stephanie Pfänder, e será financiado pelo Ministério Educação e Investigação durante ano e meio.
Semelhantes a um embrião, os organoides crescem a partir de células-tronco pluripotentes induzidas. Têm várias vantagens relativamente aos modelos animais usados anteriormente, e às culturas de células baseadas no tecido pulmonar humano das biópsias: são derivados de células humanas, podem ser produzidos em grandes quantidades e todos têm o mesmo “background” genético.
“Como resultado, não há diferenças entre eles, como aconteceria se fossem de diferentes dadores”, explica Thorsten Müller (na imagem), chefe do grupo de investigação de Sinalização Celular de Bioquímica Molecular da RUB e responsável do grupo de investigação no “Institute of Psychiatric Phenomics and Genomics” do “LMU University Hospital”.
Consequentemente, os organoides constituem um modelo 3D confiável que também permite estudar interações complexas entre diferentes tipos celulares de tecido pulmonar. “O objetivo do nosso projeto é otimizar este modelo para um método de elevada capacidade e com baixa variabilidade para estudar infeções por SARS-Cov-2”, diz Müller. A equipa está interessada na replicação do vírus, bem como no desenvolvimento da Covid-19, nos mecanismos inflamatórios e na emissão de substâncias imunes mensageiras no tecido pulmonar.
Além disso, a equipa analisará o comportamento das taxas de infeção quando são administradas substâncias antivirais, tais como o Remdesivir, Camostat e Cloroquina. Também será testada uma série de novas substâncias. “Usaremos um vírus repórter do SARS-CoV-2 para estas experiências, em cujo genoma foi integrada uma sequência de proteína fluorescente verde”, explica a professora Stephanie Pfänder (na imagem), do Departamento de Virologia Molecular e Médica da RUB.
A investigadora esteve recentemente envolvida na produção do primeiro clone molecular do SARS-CoV-2. Este sistema permite aos investigadores manipular o genoma do vírus e inserir genes repórteres. “Utilizando microscopia de alta resolução, estudaremos as interações entre vírus e organoide e os mecanismos da infeção”, conclui Pfänder.
Com este método, os cientistas esperam encontrar um agente antiviral adequado.
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NR/HN/Adelaide Oliveira
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