Investigadores testam três medicamentos para a EM em simultâneo

2 de Junho 2020

Uma equipa de investigadores da “University College London” (UCL), no Reino Unido, com a participação da Universidade Aberta da Catalunha, realizou um ensaio clínico para estudar a eficácia de três medicamentos para o tratamento da esclerose múltipla

 

Um grupo de investigadores implementou, com êxito, um novo tipo de metodologia que permite estudar vários medicamentos ao mesmo tempo. Embora nenhum dos três medicamentos testados se tenha mostrado eficaz, a pesquisa, publicada na “Lancet Neurology” mostra que esta estratégia é viável em neurologia e que pode ser aplicada para acelerar a investigação de novos tratamentos para a escleros. e múltipla (EM) e outras doenças neurodegenerativas.

Hoje, na maioria das áreas da medicina, os novos medicamentos são testados individualmente, em comparação com um placebo. Ou seja, em cada ensaio clínico existem dois grupos de pacientes: aquele que recebe o medicamento em estudo e outro, o grupo controlo, que recebe um substituto sem nenhuma substância farmacologicamente ativa. No entanto, em oncologia, uma área onde  é urgente a descoberta de novas terapias, vários medicamentos começaram a ser comparados ao mesmo tempo no mesmo grupo controlo, o que reduz custos e agiliza o processo.

Para que esta estratégia funcione, é necessária a participação de um número elevado de pacientes. Isso constitui um desafio logístico e económico e, até há pouco tempo, nunca tinha sido aplicado no campo das doenças neurodegenerativas. No entanto, “com a melhoria dos biomarcadores na esclerose múltipla, o tamanho da amostra foi reduzido. Agora, é viável ”, explica Ferran Prados, investigador do “Applied Data Science Lab” (AdaS) dos Estudos de Informática, Multimédia e Telecomunicações da Universidade Aberta da Catalunha (UOC).

Uma equipa de investigadores da “University College London” (UCL), no Reino Unido, com a participação da Universidade Aberta da Catalunha, realizou um ensaio clínico para estudar a eficácia de três medicamentos para o tratamento da esclerose múltipla. Esta doença neurodegenerativa, que em 2019 afetou 55.000 pessoas em Espanha e 2,5 milhões em todo o mundo, provoca uma incapacidade grave e atualmente não tem cura. Em estudos anteriores, os três fármacos estudados – amilorida, fluoxetina e riluzol – mostraram alguma capacidade para reduzir a atrofia cerebral e o aparecimento de novas lesões cerebrais nas pessoas afetadas pela doença.

Este estudo, que contou com a participação de 445 voluntários, visava comprovar se os três medicamentos, cada um deles administrado a um grupo diferente de pacientes, poderiam ser eficazes contra uma das formas mais graves da doença, a esclerose múltipla secundária progressiva. Infelizmente, o resultado foi negativo. Temos que continuar a trabalhar”, diz Ferran Prados, que participou na análise dos dados.

No entanto, testar os três medicamentos simultaneamente representa um avanço significativo. “Nunca se tinha experimentado no campo das doenças neurodegenerativas. Abre um novo paradigma para reduzir os custos dos ensaios e torná-los mais viáveis. É o futuro dos ensaios clínicos “, diz o pesquisador da Universidade Aberta da Catalunha.

Outra novidade é a automatização da análise de imagens médicas mediante a utilização de algoritmos, desenhados por Ferran Prados, o que contribuiu para aumentar a fiabilidade dos resultados. “A automatização permite que o trabalho dos especialistas não seja realizar a avaliação propriamente dita, mas verifique se está tudo bem, uma tarefa menos propensa a erros. Isto supõe economizar tempo e aumentar a qualidade dos resultados”, argumenta o investigador.

“Em conjunto, a capacidade de realizar ensaios com vários medicamentos e introduzir a automatização total do processamento de dados, torna-nos mais rápidos nas respostas e na apresentação de resultados. Estamos a realizar outros ensaios mais promissores e a desenvolver novos marcadores baseados em imagens médicas, que nos ajudarão a ser mais precisos e sensíveis ao analisar a resposta dos medicamentos e a sua eficácia”, conclui Ferran Prados.

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NR/HN/Adelaide Oliveira

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