A pandemia de Covid-19 mostrou que a saúde pública pode ser ameaçada por “inimigos ocultos”, como vírus que não podem ser detetados pelos nossos sentidos. Por outro lado, estamos equipados com o melhor sensor químico do planeta: o nosso nariz. Mas será que podemos confiar no nosso nariz para detetar problemas de qualidade da água?
Especialistas de toda a Europa investigam a forma como a poluição ambiental e as mudanças climáticas aceleram as mudanças de sabor e de odor das reservas naturais e dos sistemas de fornecimento de água. O tratamento inadequado da água e/ou os materiais dos sistemas de distribuição podem causar problemas e fazer com que as pessoas tenham relutância em beber a água da torneira.
Compreender as causas, a natureza química do sabor e do odor da água, as formas de deteção e de tratamento, são etapas necessárias para um alerta precoce sobre eventuais problemas da qualidade da água potável, a proteção dos recursos hídricos e a saúde humana.
A “network” WaterTOP (patrocinada pela European Cooperation in Science and Technology – COST) visa aumentar as capacidades dos países europeus na identificação, avaliação dos riscos, alertas precoces e controlo dos problemas associados à agua. Em causa está a transferência de conhecimento no sentido de desenvolver e implementar técnicas específicas, tais como, por exemplo, a Análise de Perfil de Sabor (FPA), tecnologias baseadas em espectroscopia de massa por cromatografia gasosa (GCxGC, GC-O-MS e GC-HRMS ) ou métodos de ensaios de diluição de isótopos estáveis.
A WaterTOP visa maximizar o seu impacto através da preparação de várias ferramentas úteis e da colaboração entre os diferentes países para melhorar as políticas de água na União Europeia. Nesse sentido, vai desenvolver um novo banco de dados aberto e uma ferramenta eletrónica exclusiva para auxiliar os laboratórios na deteção, interpretação e avaliação dos resultados.
A WaterTOP irá ainda sugerir medidas preventivas e de correção dos problemas, bem como contribuir para o desenvolvimento, nomeadamente, de Planos de Segurança da Água. Seguindo as metas do “Acordo Verde” da UE, esta “network”pan-europeia pretende ter um impacto positivo na confiança das pessoas em relação à água da torneira, promovendo desse modo a redução da utilização de garrafas de plástico.
NR/HN/Adelaide Oliveira
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