Estudo propõe projeto piloto de “Arca de Noé microbiana”

12 de Junho 2020

s investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência, Karina Xavier e Luís Teixeira, integram o painel de peritos científicos e vão dinamizar a colaboração para recolha de amostras,

Estudo comprova viabilidade de criação de uma “Arca de Noé microbiana”e propõe avançar para projeto piloto que inclua a instalação de uma infraestrutura de armazenamento de micróbios na Noruega ou na Suíça e aposte numa forte rede de colaboração para reunir coleções de amostras de todo o mundo. A iniciativa,da Universidade Rutgers, vai garantir a saúde de gerações futuras, preservando a diversidade de micróbios.Os investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência, Karina Xavier e Luís Teixeira, integram o painel de peritos científicos e vão dinamizar a colaboração para recolha de amostras, nomeadamente junto de Países de Língua Oficial Portuguesa, uma peça chave para a robustez de um cofre global e diversificado.

São muitos os estudos por todo o mundo que têm avaliado o impacto do ambiente, da alimentação e do consumo de antibióticos na perda massiva de diversidade do microbioma humano e os efeitos negativos que representam para a saúde humana. O microbioma humano tem triliões de organismos microscópicos que vivem no nosso corpo e que contribuem para a saúde de inúmeras maneiras. O Microbiota Vault, agora viabilizado, vai permitir preservar micróbios que possam ser armazenados, replicados e reintroduzidos para proteger a saúde das gerações futuras.

O projeto, comparado com a Svalbard Global Seed Vault, a maior coleção de diversidade de sementes do mundo criada em caso de desastres naturais, é liderado por Maria Gloria Dominguez-Bello, docente da Universidade de Rutgers, e Martin Blaser, presidente da Henry Rutgers do Human Microbiome, e pelos professores Rob Knight e Jack Gilbert na Universidade da Califórnia, San Diego. Em 2019, durante uma ação de formação organizada pelo IGC para a comunidade científica, em Lisboa, formalizou-se o apoio a este estudo de viabilidade, preparado por uma empresa independente na Suíça, e que reuniu o apoio do Instituto Gulbenkian de Ciência, Fundação Seerave, Fundação Gebert Rüf, Universidade Rutgers, Universidade Kiel, Faculdade de Medicina da Universidade de San Diego,Canadian Institute for Advanced Research, e a Bengt E. Gustafsson Symposium Foundation, afiliada do Karolinska Institutet.

O Instituto Gulbenkian de Ciência terá um papel determinante, visível em duas vertentes: contribuindo com o conhecimento científico que produz nesta área de investigação e por outro potenciando as redes que tem vindo a constituir, nos últimos anos, no âmbito do Programa de Ciência para o Desenvolvimento, centrado na formação científica de investigadores oriundos de Países de Língua Oficial Portuguesa em África e no Brasil.

Além da recolha de amostras, segura e centralizada, a iniciativa Microbiota Vault também envolve uma rede de coleções regionais de países com povos tradicionais, que até agora demonstraram possuir microbiotas com uma elevada diversidade, devido em parte às dietas naturais ricas em vegetais fibras. Para o sucesso deste projeto será necessário um esforço internacional, incluindo financiamento significativo, para reunir e armazenar os micróbios num repositório mundial.

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Créditos imagem: Joana Carvalho, IGC 2020

NR/HN/MMM

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