A aspirina reduz para metade o risco de cancro colorretal em indivíduos com alto risco genético. A eficácia da prevenção prolonga-se durante 10 a 20 anos após o tratamento com aspirina, de acordo com os resultados de uma investigação realizada na Finlândia e publicada na revista “The Lancet”
Resultados a longo prazo de um ensaio internacional multicêntrico, o CAPP2, mostraram que 600 mg de aspirina diariamente reduziu em 50% o risco de cancro colorretal, em comparação com placebo.
No ensaio foram selecionados 861 pacientes geneticamente suscetíveis, que tomaram aspirina ou placebo num período de 2 a 4 anos, sendo acompanhados durante 10 a 20 anos. Entre aqueles que tomaram aspirina, 40 tiveram cancro colorretal; nos indivíduos que receberam placebo surgiram 58 casos durante o período de acompanhamento.
“A interpretação estatística dos resultados mostra que a aspirina reduziu o risco em cerca de 50% e a eficácia durou entre 10 a 20 anos após a toma do medicamento”, diz o professor Jukka-Pekka Mecklin, da Universidade de Jyväskylä e do Hospital Central da Finlândia.
Esta descoberta é semelhante às observações retiradas de grandes estudos cardiovasculares realizados anteriormente na população em geral.
“Dezenas de milhar de pacientes receberam aspirina em estudos controlados por placebo para prevenir eventos cardiovasculares. Após a revisão posterior dos dados, verificou-se que no grupo que tomou aspirina se registou um número de casos de cancro colorretal significativamente menor do que no grupo placebo”, refere Mecklin.
Os participantes do presente estudo foram identificados como portadores da Síndrome de Lynch, a predisposição genética mais comum para o desenvolvimento de cancro. A prevalência é de 1: 250 na população em geral. A maioria desconhece que é portadora da síndrome.
“Os portadores da síndrome de Lynch podem desenvolver cancro desde tenra idade, mais frequentemente no intestino, útero, bexiga, uretra ou trato biliar. Os testes genético são importantes porque podem propiciar uma maior vigilância e prevenção às pessoas de risco. Se existir história de cancro múltiplo na família em idades relativamente jovens (50 a 60 anos) ou se alguns indivíduos tiverem desenvolvido cancro nos órgãos atrás referidos, os familiares devem procurar aconselhamento genético”, recomenda o professor Mecklin.
Doses elevadas de aspirina podem provocar hemorragias e úlcera gástrica, motivo pelo qual o grupo de investigação do CAPP2 está atualmente a realizar outro estudo com três doses diferentes (100, 300 e 600 mg por dia).
Os resultados deste ensaio multicêntrico foram publicados na prestigiada revista médica “The Lancet”. O trabalho contou com a participação de investigadores do Hospital Central da Finlândia, Universidade de Jyväskylä e Universidade de Helsínquia.
NR/HN/Adelaide Oliveira
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