GSK prevê vacina para o COVID-19 na segunda metade de 2021

17 de Junho 2020

A GSK é neste momento a quarta maior farmacêutica em termos de receitas, com cerca de 8 mil milhões de euros gerados só em 2019, e mais de 90 mil empregados em todo o mundo.

A GSK prevê ter uma vacina disponível para o COVID-19 na segunda metade de 2021. Os ensaios clínicos devem começar ainda durante o Outono de 2020, segundo as declarações feitas durante uma conferência de imprensa global realizada ontem.

A revelação foi feita numa conferência online conduzida pelo Dr. François Maurice membro do departamento de Ciência e Saúde Pública e embaixador do departamento de Vacinas da GSK para a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Também presentes estiveram Otávio Leite Cintra, diretor de Ciência e Saúde Pública da GSK; Jamila Louaed, diretora do departamento de Pesquisa e Desenvolvimento de Vacinas da GSK; e Russel Thirsk, diretor de Operações e responsável pela manufatura de vacinas nas instalações da GSK na Bélgica.

No evento online que contou com jornalistas de todo o mundo, a GSK revelou ainda que não tenciona obter lucros com a venda da vacina que está a elaborar para o COVID-19 durante a pandemia, e que o preço (ainda por definir) deverá variar de país para país, de acordo com as realidades locais.

No que diz respeito à distribuição da vacina, 70% de toda a produção deverá ser encaminhada para países pobres ou de fraco poder económico através dos canais normais mas também alguns donativos.

Para fazer frente ao surto global do novo coronavírus, a farmacêutica estima produzir um total de 1000 milhões de doses anuais da nova vacina de combate ao COVID-19. Assim sendo, a produção da GSK deve aumentar em mais de 100%, já que pretende também continuar a fabricar as mesmas 700 milhões de doses de vacinas diversas que produz hoje.

Na génese do novo produto deve estar a mesma tecnologia adjuvante utilizada na vacina elaborada pela GSK como resposta à pandemia do H1N1. Este adjuvante necessita de menos antígeno e permite fabricar maior número de dose de uma vez.

Quando questionada sobre o método de administração e eficácia da vacina em desenvolvimento, a Dra. Jamila Louahed afirmou que “não se sabe ainda se a vacina para o COVID-19 será sazonal, como a da gripe ou se terá que ser reajustada anualmente”, uma vez que os dados clínicos não são ainda suficientes para retirar este tipo de conclusões.

Para acelerar o processo de elaboração e fabrico da vacina a GSK recorreu a um leque de parceiros composto pela Universidade de Queensland na Austrália, SANOFI, Clover, Innovax e ZFSW. Mais tarde, a farmacêutica mostrou-se também interessada em procurar a colaboração das entidades reguladoras. Para Otávio Leite Cintra, “trabalhar em colaboração é a maneira de avançar mais rápido sem comprometer o perfil de segurança e a eficácia da vacina”.

Quanto à distribuição país a país, o painel da GSK mostrou-se reticente em fazer previsões uma vez que a vacina se encontra ainda em fase pré-laboratorial, estando portanto pendente de aprovação por parte das entidades reguladoras de todo o mundo.

O evento debruçou-se ainda sobre a importância da vacinação, o processo de fabrico e as vacinas do futuro.

Segundo os dados apresentados pela GSK, morrem anualmente em todo o mundo cerca de 2 milhões de pessoas vítimas de doenças para as quais existe vacina, como o tétano ou o sarampo.

A GSK é neste momento a quarta maior farmacêutica em termos de receitas, com cerca de 8 mil milhões de euros gerados só em 2019, e mais de 90 mil empregados em todo o mundo.

João Daniel Ruas Marques/HN

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