Investigadores detetam bactérias resistentes aos novos antibióticos num rio da Suécia

17 de Junho 2020

Na Suécia, uma equipa de investigadores foi a primeira a encontrar, nos rios e nos lagos, bactérias resistentes a novos tipos de antibióticos. “Limitar a prescrição de antimicrobianos não é […]

Na Suécia, uma equipa de investigadores foi a primeira a encontrar, nos rios e nos lagos, bactérias resistentes a novos tipos de antibióticos.

“Limitar a prescrição de antimicrobianos não é suficiente para eliminar a resistência aos antibióticos. O tratamento das águas residuais, hospitalares e domésticas, deve ser melhorado”, diz o investigador Faisal Ahmad Khan (na imagem), da Universidade de Örebro.

Durante um período de três anos, Faisal Ahmad Khan e os seus colegas reuniram amostras em vários locais do rio Svartån e do lago Hjälmaren, designadamente a montante e a jusante do rio, a partir do centro da cidade: em Hemfjärden, onde o rio desagua no lago e na água da estação de tratamento de Örebro. Encontraram bactérias resistentes aos antibióticos no rio Svartån e em águas residuais à saída da estação de tratamento.

“Encontrámos Enterobacteriácias Resistentes aos Carbapenemos, ou bactérias ERC, que também são resistentes aos novos tipos de antibióticos usados no combate de bactérias multirresistentes. Este tipo de bactérias está no topo da lista da OMS que as considera como uma grande ameaça para o futuro. Na Suécia, o número de infeções provocadas por estas bactérias aumenta todos os anos, e existe a preocupação de que se espalhem na comunidade e em ambientes naturais”, explica Faisal Ahmad Khan.

Os investigadores também encontraram vários tipos de genes que tornam as bactérias resistentes aos antibióticos. “Isso é particularmente perturbador porque são genes que criam resistência aos antibióticos que, atualmente, são a nossa única arma contra as bactérias multirresistentes”.

É a primeira vez que estas bactérias e estes genes são encontrados em ambientes aquáticos, como os rios e os lagos da Suécia.

“Curiosamente, verificamos que as bactérias que encontramos no rio Svartån tinham características semelhantes às que identificamos em doentes do Hospital Universitário de Örebro”, refere Faisal Ahmad Khan.

Também foi detetada uma maior concentração de genes que causam resistência aos antibióticos nas águas do hospital. Além disso, os investigadores puderam ver que os genes ainda estavam presentes na água tratada, fora da estação de tratamento. “Isso indica que o processo de tratamento de águas residuais deve ser mais eficaz, se quisermos reduzir ou eliminar a propagação da resistência aos antibióticos”.

As mudanças climáticas podem contribuir para o aumento das resistências.
Faisal Ahmad Khan e os seus colegas também estudaram como as bactérias e os genes resistentes aos antibióticos mudam quando estão expostos à água do rio durante várias gerações e a forma como reagem às mudanças de temperatura.

“Vimos que as resistências aumentam com uma temperatura de 25 graus em comparação com 17 graus, que é a temperatura média das águas superficiais no rio Svartån no verão. Isso é alarmante, porque significa que há o risco de o aquecimento global aumentar a resistência aos antibióticos”.

“Limitar a prescrição de antibióticos não é suficiente para eliminar a resistência aos antibióticos. A minha tese enfatiza a necessidade de as águas residuais hospitalares e as águas de saída da estação de tratamento estarem livres de bactérias antes de entrarem nos cursos de água”.

Ainda assim, Faisal Ahmad Khan considera que a situação na Suécia é melhor, em comparação com outros países europeus. “Encontramos bactérias ERC no ambiente, mas não em grande volume. Também não as encontramos a montante do rio Svartån, ou em Hemfjärden, onde o rio desagua no lago, o que é uma boa notícia”.

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NRHN/Adelaide Oliveira

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