O especialista em Hematologia Clínica no Hospital de São João, Rui Bergantim, que lidera a equipa de investigadores vencedores da primeira Bolsa em Mieloma Múltiplo, atribuída em 2017, explica que o mieloma múltiplo “mantém-se como uma neoplasia incurável, sendo um dos maiores desafios na abordagem desta doença hematológica quando um doente é resistente aos fármacos usados e inevitavelmente progride ou tem uma recaída”. O hematologista garante que a equipa está a pesquisar biomarcadores que possam prognosticar a resistência ou sensibilidade aos fármacos que são utilizados. O objetivo do projeto consiste em encontrar soluções de tratamento mais personalizadas.
Confiante relativamente aos resultados do estudo, Rui Bergantim conclui que o projeto encontra-se “na fase de validação de potenciais micro-RNAs identificados numa amostra maior de doentes e, brevemente, em controlos saudáveis. Estamos confiantes que teremos em breve mais informação sobre esta abordagem e esperamos que os resultados possam contribuir para uma terapêutica personalizada dos doentes com mieloma múltiplo, o que pode ditar uma verdadeira revolução no tratamento.”
Em 2018, na sua segunda edição, a Bolsa de Investigação em Mieloma Múltiplo foi atribuída a Maria Inês Almeida, do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar/ Instituto de Engenharia Biomédica/ Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (Porto) e investigadora principal do projeto. Este projeto foca a sua investigação nas principais características do mieloma múltiplo, em que as lesões osteolíticas e a doença óssea afetam a qualidade de vida dos doentes, podendo aumentar a morbidade e mortalidade.
É neste sentido que o projeto propõe duas vertentes que pretendem o estudo in vitro com células dos doentes e dos biomarcadores circulantes. De acordo com os investigadores, a dor óssea é uma das principais manifestações clínicas da doença e estes doentes têm um risco aumentado de fratura.
“Pretendemos não só diminuir a proliferação das células malignas, mas também regular o microambiente do osso. A Bolsa de Investigação em Mieloma Múltiplo foi importante porque nos permitiu iniciar uma nova linha de investigação, baseada na utilização de ferramentas de biologia molecular, sobre o tratamento de doença óssea e doença maligna. Para além disso, permitiu financiar uma parte inicial do projeto, cujos resultados foram cruciais para atrair financiamento internacional de forma a dar continuidade a esta ideia inovadora, o que já conseguimos fazer” avança a investigadora Maria Inês Almeida.
No que diz respeito à terceira Edição da Bolsa em 2019, o vencedor do projeto centrou a investigação do mieloma múltiplo no desenvolvimento de diferentes terapêuticas. O projeto, na área da medicina regenerativa baseada na diferenciação osteogénica in vitro, sem recurso a manipulação genética, de células estaminais encontra-se em fase de ensaios preliminares para otimização de protocolos do processo.
O vencedor da terceira edição, Vasco Bonifácio, do Instituto de Bioengenharia e Biociências (IBB) do Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa (IST-UL) explica que já foi efetuada “a síntese das nanopartículas indutoras de osteogénese e estamos a ajustar os protocolos para a diferenciação osteogénica in vitro. Os resultados já obtidos são positivos. Esperamos até ao final do ano conseguir obter mais algumas respostas para a utilização de células estaminais no tratamento do mieloma múltiplo.”
O mieloma múltiplo é uma doença hemato-oncológica rara que tem vindo a ganhar o interesse de muitos investigadores. Para o Presidente da SPH “será sempre um objetivo prioritário da SPH incentivar a investigação científica em qualquer vertente que se ligue com a Hematologia”.
Tiago Amieiro, Diretor-Geral da Amgen refere que “o mieloma múltiplo é uma área prioritária da Amgen, em particular por ser uma doença rara que ainda não tem cura. Com este investimento reforçarmos o nosso compromisso nacional para com a investigação e enfatizamos a importância do nosso trabalho em conjunto com investigadores, associações de doentes, sociedades médicas e com as entidades na área da saúde, pelos doentes”.
PR/HN/ Vaishaly Camões
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