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Covid 19 em Lisboa e vale do Tejo – Um risco sério ou um Empolamento?
Atualmente há 65 surtos identificados, sendo que 53 estão na zona de Lisboa e Vale do Tejo. Além disso, estão identificados 24 focos em lares no país. Um dos poucos pontos positivos surge quando se efetua uma análise à mortalidade, no período entre 14 e 20 de junho, Portugal somou um total de 16 mortes e está a atravessar a fase menos letal da pandemia. O registo português só é superado pela Irlanda, que notificou 15 mortes, enquanto no extremo oposto surge o Reino Unido, com 927 óbitos na última semana (Espanha confirmou 234 mortos, mas fez uma atualização de mais de mil vítimas sobre o total desde o início do surto pandémico). Portugal por outro lado, está no top 10 mundial de testes por milhão de habitante e em linha com a média de mortes vs número de infetados. Ou seja, não estamos mal, mas também não podemos dizer que estamos melhor que os melhores. Mas certamente muito melhor que os piores! Em LVT pior que no resto do País. Não sou virologista nem epidemiologista, sei pouco desta área, mas julgo existirem 7 causas, segundo o meu entendimento, para esta inversão em LVT, e ordenada pela importância:
1.- aumento de testes
O aumento de casos em Lisboa e Vale do Tejo resulta, em parte, do aumento da testagem à covid-19. Portugal está no grupo dos seis países que mais testes realizaram por cem mil habitantes; no entanto o norte também testou ao mesmo nível que LVT e tem menos incidência de infetados. Apesar de não existir nenhum ensaio clínico publicado que o demonstre, é razoável concluir que quanto mais testes se fazem, mais infetados se encontram!
2.- transportes e habitações
Muitos passageiros, autocarros a rebentar pelas costuras e menor frequência de carreiras – é este o cenário nas 19 freguesias dos cinco municípios (Loures, Odivelas, Sintra, Amadora e Lisboa) onde foi prolongado o estado de calamidade. Sendo que as autoridades locais não resolvem este problema e tentam atirá-lo para “baixo do tapete”; outro ponto são as habitações sobrelotadas, existindo inclusive internados em hospitais por não poder fazer o confinamento em casa por falta de espaço físico;
3.- comportamento irresponsável
No passado, o medo foi o que nos permitiu ter resultados bastante positivos no combate à COVID-19. De forma irracional refugiámo-nos em casa, não deixámos os nossos filhos irem à escola mesmo antes do governo o fazer, fechámos escolas e comércios, mesmo antes do estado de emergência. Atualmente, este comportamento não se verifica e passámos do medo, ao respeito e alguns (muitos mesmo) ao facilitismo, independentemente da idade; portanto não estão a ser cumpridas escrupulosamente todas regras de proteção e de saúde pública por parte de todas as camadas etárias. Exceto em alguns municípios como no Norte (exemplo no Porto, e em muitos outros municípios) onde existe rigor no controle de comportamentos e exemplos, comunicação e educação constante, sem bloquear a economia;
4.- festas ilegais e jovens
Promovem-se inúmeras festas ilegais de cidadãos em qualquer idade, mas verificam-se muitos ajuntamentos de jovens sem respeito pelo distanciamento físico, proteção individual, com o aumento (ainda não significativo) do número de internados por Covid-19 em jovens abaixo dos 29 anos. O que já seria de esperar, pois é impossível manter confinados os jovens durante muito mais tempo com a meteorologia que temos, mas faltou aqui o fator educacional e divulgador dos riscos elevados e necessidade de comportamentos responsáveis junto deste target, bem como um controle apertado por parte das autoridades;
5.- eventos super-transmissores
As grandes manifestações políticas, a abertura de salas de espetáculo, a falta de teste dos casos secundários da covid-19, a inexistência de um controlo sanitário nos voos que aterram em Portugal. Todos estes eventos aumentam as infeções; mas pior, dão uma sensação de facilitismo e um péssimo exemplo a quem teve de estar fechado e longe da família e amigos durante muitos meses. Certamente a celebração do São João no Porto foi um dos exemplos positivos do que deve ser feito de forma a reduzir estes eventos super-transmissores;
6.- lares e profissionais/ população de risco
Os serviços de saúde pública têm de monitorizar regularmente através de testes rápidos nos lares existentes (não basta fazê-lo 1 vez). Os cuidados de saúde primários deveriam seguir (através de um algoritmo de risco) regularmente os doentes de elevado risco, quer seja pela idade, quer seja pelas co-morbilidades, através de contacto remoto regular e educação/prevenção de comportamentos de risco nestes contactos. Os profissionais de saúde devem ser regularmente testados e disponibilizados todos os EPIs necessários para a sua segurança;
7.- máscaras
Falta a obrigatoriedade de utilização de máscara em todos os locais, fechados ou ao ar livre, como forma de minimizar o risco e criar rotinas de comportamento preventivo. Mais uma vez, o exemplo e a educação como fator crucial!
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