Investigadores do Instituto Karolinska, na Suécia, desenvolveram um novo método para analisar, a nível molecular, amostras de tecido tumoral intactas em 3D. O estudo, que resulta de uma colaboração com o Hospital Universitário Karolinska, foi publicado na “Revista Nature Biomedical Engineering”. Os investigadores pensam utilizar este método para estudar amostras de tecidos de doentes com Covid-19, na esperança de que forneça informações sobre onde e como o novo coronavírus ataca os diferentes órgãos.
O cancro surge quando os mecanismos moleculares vitais das células deixam de funcionar normalmente. Para melhor compreender estes processos patológicos, os cientistas precisam de estudar o que ocorre nas células tumorais ao nível do ARN e das proteínas. O RNA atua como um mensageiro entre os genes e as proteínas que codificam, existindo diferentes tipos de RNA envolvidos nos processos cancerígenos.
Os investigadores aplicaram uma nova técnica de imagem, utilizada em investigação básica, para estudar tecido tumoral humano intacto, em vez de seccionado. A técnica permite tornar o tecido transparente, corar diferentes tipos de RNA e proteínas, e fazer imagens do tecido em 3D, utilizando miscroscopia de fluorescência. O método, denominado DIIFCO, facilita o estudo dos mecanismos relacionados com o cancro e permite um diagnóstico mais exato das amostras de tecido de doentes.
“Ser capaz de corar especificamente o ARN em amostras de tumores intactas, abre oportunidades inteiramente novas para o diagnóstico de amostras clínicas”, explicou Per Uhlén, investigador principal e professor no Departamento de Bioquímica Médica e Biofísica do Instituto Karolinska.
Utilizando o método DIIFCO, os cientistas podem estudar o RNA e as proteínas em alta resolução em todos os tecidos humanos. E pensam utilizar o seu método para estudar amostras de tecido de pacientes com Covid-19.
Os hospitais utilizam frequentemente análises por PCR para detetar o RNA do vírus SRA-CoV-2 nos doentes. Os investigadores esperam agora que esta nova técnica seja capaz de detetar exatamente onde se encontra o RNA viral nos tecidos dos pacientes infetados.
“O nosso é um dos poucos laboratórios do mundo capaz de estudar amostras de tecido intactas de seres humanos”, referiu Peter Uhlén. “Isso é particularmente difícil quando o tecido provém de pacientes idosos. Acredito e espero que o nosso método possa fornecer respostas importantes sobre onde e de que forma o novo coronavírus ataca os diferentes órgãos”.
O estudo foi financiado pela “Swedish Cancer Society”, “Swedish Childhood Cancer Foundation”, “Swedish Brain Fund” e pelo “Swedish Research Council”.
Informação bibliográfica:
“Three-dimensional single-cell imaging for the analysis of RNA and protein expression in intact tumour biopsies”. Nobuyuki Tanaka, Shigeaki Kanatani, Dagmara Kaczynska, Keishiro Fukumoto, Lauri Louhivuori, Tomohiro Mizutani, Oded Kopper, Pauliina Kronqvist, Stephanie Robertson, Claes Lindh, Lorand Kis, Robin Pronk, Naoya Niwa, Kazuhiro Matsumoto, Mototsugu Oya, Ayako Miyakawa, Anna Falk, Johan Hartman, Cecilia Sahlgren, Hans Clevers, Per Uhlén. Nature Biomedical Engineering, online 29 June 2020, doi: 10.1038/s41551-020-0576-z.
https://www.nature.com/articles/s41551-020-0576-z
NR/HN/Adelaide Oliveira
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