A praia estará livre de medusas?

2 de Julho 2020

Desde o seu lançamento em 2008, a MedusApp permite que qualquer pessoa envie um alerta se vir medusas numa praia e fornece, em tempo real, um mapa dos locais onde a sua presença é detetada.

A aplicação foi melhorada no último ano, traduzida para inglês e agora há a possibilidade de carregar fotos. Os itens de 2020 incluem novos mapas para melhorar a interpretação dos alertas e mais pormenores sobre praias e enseadas.

Além disso, nesta nova versão os utilizadores podem comunicar a presença de resíduos tóxicos no mar, tais como plástico, manchas de óleo, resíduos de madeira, sabão e até mesmo máscaras e luvas. “O nosso objetivo é que os frequentadores da praia contribuam para a preservação das praias. A nova versão da MedusApp vai ajudar-nos a ir para o mar mais descontraídos ou com mais cautela, evitando certas áreas ou mesmo não nadando. E, mais importante ainda, permite que qualquer utilizador seja um repórter”, explica Eduardo Blasco, um dos criadores da app.

Desde o seu lançamento até agora, a aplicação relatou mais de 2.100 avistamentos de medusas. Além disso, foram publicadas fotografias de mais de 500 picadas, que são enviadas diretamente para a “Fundación Jiménez Díaz Health Research Institute”, a fim de estudar possíveis reações alérgicas.

O coordenador científico da aplicação, César Bordehore, professor da Universidade de Alicante, assinala que os avistamentos feitos com esta aplicação são semiquantitativos. “Se houver o dobro de avistamentos numa área, isso não significa que haja o dobro de medusas, porque o número de “repórteres” ativos também deve ser tomado em consideração. A aplicação é importante porque fornece informação real sobre a presença ou ausência de medusas, as espécies mais alérgicas e as que são menos prejudiciais, entre outros dados. Entendemos que informar os utilizadores das praias e do mar sobre este assunto melhora a resposta dos cidadãos, evita riscos desnecessários e permite-nos saber mais sobre o nosso Mar Mediterrâneo”, diz CésarBordehore.

Depois de entrar na MedusApp, o utilizador é automaticamente alertado sobre avistamentos de medusas nos últimos dias e num raio de 5 km da sua posição. “Podemos também consultar todos os avistamentos em qualquer intervalo de datas ou por espécie, desde o início do projeto”, acrescenta Ramón Palacios, programador da MedusApp.

Os utilizadores da aplicação podem enviar quer a fotografia da espécie que viram, quer a quantidade e o tamanho estimado. Estes dados são publicados num mapa que pode ser facilmente consultado no website www.medusapp.net. Podem também enviar imagens de picadas, explicando quanto tempo se passou desde a picada, e acrescentar comentários sobre os seus efeitos. “A aplicação inclui um esboço do corpo humano para ajudar os utilizadores a indicar a área picada,” acrescenta Ramón Palacios.

A informação sobre a picada, fornecida pelos colaboradores da aplicação, não pretende tomar o lugar de um médico, mas servir de canal de comunicação com uma equipa de especialistas em alergias, e ser analisada do ponto de vista científico e médico. Estes dados são geridos pela CIBER de Doenças Respiratórias (CIBERES) e pelo Laboratório de Imunoalergias da “Fundación Jiménez Díaz Health Research Institute” (IIS-FJD), dirigidos pelos médicos Victoria del Pozo e Mar Fernández Nieto.

Além disso, para marinheiros e pescadores, a MedusApp inclui uma nova função para registar as medusas avistadas numa rota de navegação e as que ficam presas nas redes dos barcos de pesca de arrasto.

“Esta informação é de grande interesse para os cientistas, porque com a colaboração de pescadores e marinheiros profissionais, podemos saber quais as espécies que aparecem nas redes e quais são vistas longe no mar, para além da informação fornecida pelos banhistas. Isso reforça a capacidade de quantificação do espaço e do tempo deste projeto. É importante notar que as medusas de águas profundas competem com os peixes e os crustáceos e podem alimentar-se das suas larvas, pelo que quanto mais medusas houver, menos peixes. É importante monitorizar o aparecimento de medusas nas redes de arrasto, porque em algumas zonas do mundo tem sido observada uma presença crescente de medusas e uma diminuição da pesca”, acrescenta César Bordehore.

A MedusApp inclui também um guia educativo com imagens e um guia interativo de primeiros socorros, atualizado com os conhecimentos médicos mais recentes. Os guias incluem recomendações em caso de picada em função da espécie. Esta iniciativa pretende ser útil não só para os banhistas mas também para todos os nadadores-salvadores, que podem ter um guia completo de medusas nos seus smartphones.

A MedusApp resulta do projeto europeu LIFE Cubomed (www.cubomed.eu), coordenado pela Universidade de Alicante e pelo Instituto de Ciências Marinhas do Conselho Nacional de Investigação Espanhol (CSIC).
A aplicação está disponível para Android e iOS, funciona online e offline, no caso de não haver cobertura de telemóvel ou de o utilizador preferir enviar a informação via WiFi.

NR/HN/Adelaide Oliveira

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