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Ainda a propósito da COVID-19: a propagação silenciosa!
Muito alvoroço mediático e “especulação” sobre a actual situação no combate à COVID-19, com especial enfoque na Região de Lisboa e Vale do Tejo (leia-se área metropolitana de Lisboa). Muitas dúvidas, portanto:
Serão as empresas com insuficientes planos de actuação as responsáveis?
Serão as festas “clandestinas” as principais responsáveis?
Serão as regiões mais populosas e menos abastadas o “berço” do recrudescimento?
Serão os transportes públicos (leia-se a sua insuficiência) “os maus da fita”?
Será um “desconfinamento” precoce a principal razão?
Ter-se-ão “relaxado” os comportamentos preventivos?
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Até …(?), será uma primeira onda da segunda vaga?
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O que é certo é que o número de novos casos não só não decresceu como não se manteve estável e isso determina ações mais enérgicas de gestão do risco. Nesse contexto existem, no entanto, diferenças consideráveis com o que se passou em finais de fevereiro e em março. A resposta do SNS, medida através da “pressão” sobre os hospitais, é agora diferente e as consequências da COVID-19, medidas por taxas de ocupação dos Cuidados Intensivos e por indicadores de mortalidade, são, aparentemente, bem diferentes.
Também os grupos etários dos casos de doença se transmutam e o contágio por assintomáticos ganha protagonismo em relação aos pré-sintomáticos e aos sintomáticos na disseminação da doença e o muito desconhecimento que ainda temos sobre a “história natural” da COVID-19 é, felizmente, cada vez mais evocado o que desperta e aguça a curiosidade de quem estuda e investiga a distribuição da doença na comunidade.
No entanto, insidiosamente, a grande mediatização que existe sobre a actual “virose” traz cada vez mais opiniões sobre o que está a suceder e “florescem”, entre outros, os neoespecialistas de Saúde Pública, de Epidemiologia, de Infecciologia ou de Virologia. Também “floresce” a explicação do (relativo) insucesso da luta contra a pandemia e emergem explicações que extravasam a perspectiva da “culpa” para, por exemplo, aspectos relacionados com a insuficiência de recursos, designadamente da dotação, em número, de profissionais de Saúde Pública e “improvisam-se” respostas num contexto de resposta organizada.
Os holofotes desviam-se agora dos trabalhadores da Construção Civil e Obras Públicas e das grandes empresas e, o que é preocupante, “renascem” os contextos, entre outros, dos lares de idosos e dos hospitais com, em minha opinião, insuficientes respostas num contexto do que vou chamar “propagação silenciosa”.
A teoria da “culpa” sofre um pequeno revés em relação à “teoria do risco”! Nada está perdido! A perspectiva do “milagre” dos Portugueses esmorece e investe-se mais em respostas organizadas. Por exemplo:
A resposta de Saúde Pública não deveria centrar nos lares ou, por exemplo, nas unidades de cuidados continuados a sua atenção sendo proactivo nas suas estratégias de acção naquele formato de “propagação silenciosa”?
Gostava de voltar a afirmar que o que caracteriza a Saúde Pública são formas organizadas de protecção da saúde das populações que exigem ANTECIPAÇÃO ou, se preferirem que se actue antecipadamente. É isso a prevenção e é bom recordar que a “carruagem ainda vai no adro”!
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