“Estamos a tentar encontrar uma solução para levar a produção avante, vamos fechar a equipa toda num hotel entre fim de julho até ao fim de agosto. […] Em termos de equipa ficam as mesmas pessoas, em termos de tempo reduzimos os dias de rodagem e aumentámos as horas”, explicou o produtor Rodrigo Areias à agência Lusa.
As filmagens de “Não sou nada” deveriam ter acontecido no início da primavera, mas foram suspensas por causa da pandemia da covid-19 sendo agora retomadas com alterações no plano de rodagem, no orçamento e na coordenação de técnicos e elenco.
Segundo Rodrigo Areias, está a ser montado um estúdio de cena num armazém da antiga Fábrica do Rio Vizela, na Vila das Aves, Santo Tirso, que possui espaço de escritórios dos anos 1920, importantes para o cenário do filme.
Quanto à aplicação do manual de boas práticas de segurança e higiene em filmagens, aprovado em maio pela Portugal Film Commission com a Direção-Geral da Saúde, Rodrigo Areias diz que o documento é essencial, mas irrealista para esta produção.
“Sendo responsável por uma equipa de quase cem pessoas – e tenho que responder legalmente por elas, mas moralmente acima de tudo -, não me sinto confortável a respeitar aquele lote de regras, porque eu tenho de ser capaz de reduzir o risco muitíssimo mais”, explicou.
Daí que o produtor diga que a filmagem vai ser uma “quarentena cinematográfica” para que todos trabalhem em segurança: “Toda a equipa só se move de um hotel para a fábrica, de manhã, e da fábrica para o hotel, à noite”, explicou.
“Não sou nada” tem argumento de Luísa Costa Gomes e Edgar Pêra e inspira-se nos heterónimos criados pelo escritor Fernando Pessoa. O elenco integra, entre outros, Miguel Borges, Albano Jerónimo, Paulo Pires, Miguel Nunes e Victoria Guerra.
Rodrigo Areias admitiu que teve de refazer contas para esta produção, por causa da covid-19, mas decidiu avançar agora com o filme a pensar na equipa que dele depende.
“A verdade é que, se não fizermos agora, as pessoas não têm como sobreviver até ao Natal”, lamentou.
A poucas semanas do início da rodagem, Rodrigo Areias procura ainda finalizar a montagem financeira do projeto, a rondar os 1,3 milhões de euros, porque o coprodutor norte-americano envolvido adiou o financiamento e as questões de segurança associadas encareceram os custos.
“Para nós é um custo absolutamente incomportável. A produção de um filme destes significa reduzir a sua dimensão. O que nem sempre é pior. Na verdade, tornámo-nos especialistas em produzir com o que temos”, disse.
LUSA/HN
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