Sónia Carneiro, Enfermeira; ACES Porto Oriental; USF Arca d´Água

O Papel do Enfermeiro de Família no utente com Diabetes em época de pandemia Covid- 19

07/07/2020

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O Papel do Enfermeiro de Família no utente com Diabetes em época de pandemia Covid- 19

07/07/2020 | Consultório

Considerando o estado de pandemia declarada pela Organização Mundial da Saúde e a rápida evolução/ disseminação da infeção causada pelo agente coronavírus SARS-CoV2 (COVID-19), é muito importante que a pessoa com diabetes mantenha bons hábitos alimentares e se mantenha ativo, de forma a controlar a sua glicémia e uma boa compensação da sua patologia. Uma descompensação da Diabetes condiciona a uma maior suscetibilidade à patologia infeciosa, bem como, quadros de maior gravidade e prognóstico menos favorável.

Existem quatro cuidados gerais que não se podem descurar. São eles: manter a glicémia controlada, manter-se ativo no domicílio, manter-se hidratado e com uma alimentação saudável e cumprir o regime medicamentoso.​

Intervenções de Enfermagem ao utente com Diabetes

 Ensinar/Instruir sobre regime medicamentoso

– Cumprir todos os dias a medicação e respeitar os horários e posologia da mesma;

  • Incentivar hábitos alimentares saudáveis

Nesta fase o utente deve continuar a ter uma alimentação saudável e adequada à sua Diabetes.

– Evitar ir demasiadas vezes ao supermercado e procure comprar alimentos de maior durabilidade. Opte por exemplo por maçãs e peras, peixe congelado, conservas de sardinha, cavala ou atum, legumes congelados, frutos secos;

– Preferir pão de mistura ou integral que poderá congelar fresco para poder comer mais tarde;

– Em vez de comprar queijos frescos ou requeijão, optar por adicionar azeite ao seu pão com alho picado e orégãos se gostar;

– Entre refeições evitar os petiscos frequentes de bolachas. Estar muito tempo em casa poderá aumentar a vontade de comer mais vezes;

– Fazer sopas ricas em vegetais sem batata (ex.: curgete, cenoura, cebola, cogumelos, brócolos, colocando um fio de azeite no final da cozedura, evitando o excesso de sal e optando por adicionar salsa, coentros ou hortelã à sopa para lhe dar mais sabor);

– Consumir ervilhas, feijão, grão, lentilhas ou favas como fonte de hidratos de carbono;

– Evitar usar sempre massas, arroz e batatas; Colocar cerca de ¼ do prato de leguminosas acompanhadas por uma boa quantidade de vegetais, peixe, carne ou ovo);

  • Incentivar a ingestão de líquidos

– O utente se estava habituado a ter a sua garrafa de água no local de trabalho, deve manter esse hábito também em casa, bebendo pelo menos 1,5l/dia. Se tem dificuldade em conseguir beber água, adicione um ramo de hortelã, um pau de canela e rodelas de laranja para lhe dar sabor, por exemplo;

  • Ensinar sobre hábitos de exercício

– O utente deve manter-se ativo mesmo não saindo tantas vezes à rua. Colocar uma música de que goste e dançar sozinho ou acompanhado. Fazer jardinagem, subir e descer escadas, saltar à corda, caminhar um pouco à volta de casa ou praticar alguma ginástica na sala;

  • Ensinar sobre sinais de hipoglicemia e hiperglicemia

 Ensinar sobre prevenção de hipoglicemia e hiperglicemia

  • Incentivar auto – vigilância dos pés

– Observar diariamente os pés (usar um espelho para observar a planta), e se tiver diminuição de visão pedir auxílio a outra pessoa (observar planta, dedos e espaços interdigitais relativamente a presença de fissuras, flictenas, calosidades, edema e diferente coloração do pé ou calor localizado);

– No fim observar unhas (despistar unhas encravadas, onicomicoses);

 Ensinar a prevenir úlceras dos pés e instruir a tratar dos pés

– Controlar temperatura da água com o pulso ou com um termómetro (usar água tépida)

– Secar muito bem os espaços interdigitais

– Aplicar creme hidratante na planta e dorso do pé (evitar os espaços interdigitais)

– Mudar de meias diariamente e que sejam de preferência de lã ou algodão sem orifícios e sem costuras que não comprimam as pernas

– Arejar o calçado todos os dias

– Não usar calicidas, tesouras ou canivetes para remover calosidades

– Cortar unhas a direito e com tesouras de ponta curva de forma a evitar unhas encravadas

– Limar as unhas com lima de cartão em vez de limas metálicas

– Inspeccionar o interior do calçado antes de colocar o pé

– Evitar fontes de calor perto dos pés (botijas de água quente, cobertores eléctricos, aquecedores, radiadores, almofadas de aquecimento, entre outras)

  – O calçado não deve ser demasiado apertado ou largo

            – O interior deve ter um comprimento com mais 1cm que o dedo hállux

– Deve ter uma caixa alta com espaço para os dedos

 – O ajuste do sapato deve ser com cordões ou velcro

            – O tacão deve ser largo e não excessivamente alto (2-4cm)

 

  • Informar sobre recomendações de prevenção Covid -19 segundo DGS (Direção Geral de Saúde)

– Manter-se no domicílio, reduzindo o número de saídas ao mínimo possível; evitar multidões ou aglomerados;

– Promover o arejamento da habitação;
– Tomar precauções diárias, mantendo distância de segurança de 2 metros de outras pessoas;
– Evitar o contacto com pessoas doentes ou que apresentem tosse, febre, dores musculares, cefaleias ou dificuldade respiratória;
– Lavar frequentemente as mãos com água e sabão ou desinfetante;
– Não partilhar comida nem utensílios;

– Cumprir as regras de etiqueta respiratória (Quando assoar, espirrar ou tossir – lave as mãos; Tape o nariz e boca sempre que tossir ou espirrar com o braço e não com as mãos; Use um lenço de papel ou o braço, nunca as mãos; deite o lenços de papel no caixote de lixo);

– Perante aparecimento de sintomas como febre, tosse, dores musculares, cefaleias ou falta de ar, deve manter-se em isolamento no seu domicílio e contatar SNS 24 – 808 24 24 24;

  • Explicar como contatar equipa de saúde (via e-mail ou via telefone), sempre que necessário
  • Informar sobre linhas de apoio gratuitas com equipas especializadas

APDP – 213816161 das 08:00-20:00, todos os dias incluindo, fins -de -semana;

Linha de informação Diabetes/Covid-19: 300 003 800 das 08:00-22:00, todos os dias, incluindo fins -de -semana;

Termino referindo que todas estas intervenções são essenciais para a prevenção de complicações e redução de internamento hospitalar, contudo devemos sempre: escolher o método para cada utente; simplificar e transmitir de forma clara a informação e estudar a agenda e adaptar a consulta a cada utente (não presencial – via telefone, presencial ou visitação domiciliária, sempre que necessário).

Mais uma vez, o Enfermeiro une dedicação e conhecimento na arte de cuidar de vidas. E como Florence Nightingale referia: “A Enfermagem é uma arte e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto a obra de qualquer pintor ou escultor”.

 

 

 

 

 

 

 

 

Bibliografia:

1.ECDC (2020): https://www.ecdc.europa.eu/sites/default/files/documents/Publichealth-management-contact-novelcoronavirus-cases-EU_0.pdf
2.European Centre for Disease Prevention and Control (ECDC). Technical Report: Public health management of persons having had contact with novel coronavirus cases in the European Union. Estocolmo: ECDC, 30 janeiro 2020. https://www.ecdc.europa.eu/sites/default/files/documents/Public-healthmanagement-contact-novel-coronavirus-casesEU_0.pdf.
3.WHO (2020). https://www.who.int/publications-detail/global-surveillance-forhuman-infection-with-novel-coronavirus(2019-ncov) WHO (2020). https://www.who.int/publications-detail/home-care-for-patients-with-suspectednovel-coronavirus-(ncov)infection-presenting-with-mild-symptoms-and-managementof-contacts.
4. International Working Group on the Diabetic Foot . International Consensus on The Diabetic Foot & Pratical Guidelines on the management and prevention on the diabetic foot. 2007.

 

 

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