Peritos obtêm compostos com aplicações farmacológicas a partir de resíduos dos lagares de azeite

10 de Julho 2020

Especificamente, os peritos obtêm oleuropeína (um antioxidante com benefícios cardiovasculares), que dá à azeitona o seu sabor amargo.

O Grupo de Engenharia Química e Ambiental da Universidade de Jaén (Espanha) desenvolveu uma técnica para obter compostos com interesse farmacológico a partir dos resíduos dos lagares de azeite. Especificamente, os peritos obtêm oleuropeína (um antioxidante com benefícios cardiovasculares), que dá à azeitona o seu sabor amargo.

O Grupo de Engenharia Química e Ambiental da Universidade de Jaén (Espanha)

A maioria dos estudos realizados anteriormente centraram-se na obtenção de compostos antioxidantes a partir de folhas de oliveira recolhidas no campo. No entanto, os investigadores estão a concentrar-se no material biológico que é descartado pelos lagares de azeite.

“Foi desenvolvido um método de extração rápida de antioxidantes de um subproduto, que tem sido pouco estudado até agora, e que será utilizado de forma mais eficiente”, explica a investigadora María del Mar Contreras, autora do estudo “Valorization of Olive Mill Leaves Through Ultrasound-Assisted Extraction”, publicado na revista “Food Chemistry”.

“O processo foi desenvolvido através da extração desta matéria sólida de alguns componentes com a ajuda de ultrassons. Estes quebram a parede celular libertando o conteúdo interno, de modo a obter oleuropeína, um antioxidante com benefícios cardiovasculares, precisamente o componente que proporciona o sabor amargo característico da azeitona. Foram também obtidos outros compostos minoritários que contribuem significativamente para a atividade antioxidante”, relata a investigadora.

Utilizando técnicas de cromatografia, isto é, separação de líquidos, e espectrografia, análise das moléculas, os especialistas determinaram a existência e a quantidade de outros componentes.

Vários estudos estabeleceram as diferentes propriedades da oleuropeína. “A sua vasta gama de propriedades farmacológicas e promotoras da saúde inclui a possibilidade de reduzir os lípidos no sangue e a tensão arterial elevada, como recentemente se demonstrou em alguns ensaios pré-clínicos e até humanos”, acrescenta María del Mar Contreras.

Subsequentemente, foram extraídas duas novas frações do resíduo obtido pelos peritos: líquido e sólido. Os especialistas encontraram proteínas e oligossacáridos dissolvidos na fração líquida. Na fração residual sólida identificaram o conteúdo de celulose; hemicelulose, uma fibra altamente digerível pelos herbívoros; e lignina, que fornece rigidez às células vegetais. Inicialmente, o objetivo era avaliar o seu potencial na obtenção de biocombustíveis, especialmente etanol.

Os cientistas vão explorar este método de extração para obter compostos antioxidantes de outros subprodutos gerados na indústria do azeite, tais como bagaço de azeitona, águas ruças e uma fração residual obtida após a limpeza do caroço de azeitona. Também se vão concentrar na forma como a composição química dos diferentes resíduos influencia o desempenho destas extrações e a sua atividade antioxidante. “Estes subprodutos podem ser obtidos a baixo custo e a obtenção de compostos antioxidantes gera um valor acrescentado”, indica a investigadora.

O grupo de Engenharia Química e Ambiental da Universidade de Jaén está a trabalhar no desenvolvimento do conceito de bio-refinaria baseada em resíduos agrícolas e agro-industriais. Ou seja, uma instalação onde, através de vários processos de transformação, é gerada bioenergia, como biocombustíveis, e outros bioprodutos, tais como antioxidantes.
Irão analisar também uma gama de bioprodutos com utilidade em diferentes setores. “Este é um estudo de base e gostaríamos de estudar possíveis aplicações destes extratos em alimentos funcionais, como aditivos alimentares antioxidantes, etc.”, acrescenta María del Mar Contreras.

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NR/HN/Adelaide Oliviera

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