Há muitos anos que a autarquia mantém negociações com o Estado para comprar as antigas instalações escolares, mas o processo parece ter entrado em novo impasse devido à pandemia covid-19 e à mudança recente do Ministro das Finanças.
Os edifícios, situados na principal entrada da cidade, foram sendo vandalizados desde o encerramento, há cinco anos, estão sinalizados como centro de consumo de drogas pela GNR local e representam um risco para a saúde pública, com mato, silvas e ruínas, descreve a autarquia presidida pela independente Teresa Cardoso.
“Chegou a hora de a Câmara Municipal de Anadia dizer ´basta´! Apesar dos nossos esforços constantes, o Estado nada fez para alterar a situação e hoje as escolas representam uma ameaça para a saúde pública e para a paz social no concelho”, relata o vereador Jorge Sampaio, que encabeçou as brigadas dos serviços da autarquia que deram início às operações de limpeza, às 08:30.
A operação de “limpeza à força” foi comunicada há precisamente um mês pela Câmara ao Governo, nomeadamente aos ministérios da tutela (Finanças e Educação) e ao gabinete do primeiro-ministro, conta o vereador.
“Tínhamos dado um prazo até 15 de julho para o início das operações de limpeza. O prazo esgotou-se e por isso avançámos hoje para o terreno, porque a situação é insustentável”, diz Sampaio.
A Câmara lembra que é proprietária de uma das parcelas de terreno onde foram implantadas as escolas e, por isso, a intervenção estará justificada do ponto de vista legal. Mas a intenção é “mandar uma mensagem política clara” de que a situação não pode continuar.
“As instalações estão cada vez mais degradadas. Tudo o que era de valor foi roubado: cabos, caixilhos, vidros. O resto tem sido destruído e vandalizado. A GNR é frequentemente chamada ao local, passam-se lá dentro coisas que nem conseguimos imaginar”, diz Sampaio, que remete para a existência de vídeos no youtube filmados dentro das escolas.
As escolas integram a lista dos mais famosos locais abandonados em Portugal, disponíveis na internet.
A Câmara tem para o local planos que passam, nomeadamente, pela criação de um estrutura ligada à Cultura, com salas de exposições, ateliês e oficinas. Fez mesmo uma proposta financeira de aquisição ao Governo, mas as intenções têm esbarrado num muro de burocracia e indecisão política, conta o vereador.
“A Direção Geral do Património do Estado tem em seu poder, desde junho deste ano, uma contraproposta da Câmara de Anadia para aquisição dos imóveis das antigas Escolas Básica 2,3 e Secundária”, revelou em setembro de 2019 a presidente Teresa Cardoso, durante uma reunião da Assembleia Municipal de Anadia.
A resposta do Estado nunca chegou e estado de emergência por causa da pandemia “congelaram” o processo. A autarquia terá sido informada, entretanto, que as negociações irão regressar “à estaca zero” devido à nomeação de um novo Ministro das Finanças.
NR/HN/LUSA
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