A técnica pioneira de implante percutâneo da válvula aórtica (TAVI) surgiu há mais de duas décadas, sendo reservada a doentes com estenose aórtica grave com risco cirúrgico aumentado com mais de 80 anos. No entanto estudos demonstram que a técnica pode também ser vantajosa para toda a população de doentes portadora de estenose aórtica grave e sintomática, especialmente nos doentes de menor risco, muitos deles com apenas 70 anos.
De acordo com o coordenador do Projeto Valve For Life, Rui Campante Teles, “é importante que os doentes tenham conhecimento deste processo relevante visto que muitos médicos não estão a dar conhecimento desta opção minimamente invasiva, que tem muito mais vantagens para o doente e em termos de custos acaba por equiparar-se à cirurgia tradicional, que implica custos de internamento, especialmente quando os doentes precisam de transfusões de sangue”.
E acrescenta que “a previsão é que as necessidades nacionais cresçam até cinco vezes, pois esta técnica constituirá a opção preferida para os cerca de 25.000 portugueses que necessitam de ser tratados”.
Este procedimento, considerado uma doença de “avós”, estava reservado a doentes com estenose aórtica grave com risco cirúrgico aumentado, usualmente com mais de 80 anos, o que corresponde a cerca de 5000 portugueses. Por sua vez, um estudo com válvula autoexpansível, que avaliou cerca de 1400 doentes com uma idade média de 74 anos e baixo risco para cirurgia, demonstrou resultados sobreponíveis no tratamento minimamente invasivo por cateter comparado com a cirurgia convencional, que tem vindo até agora a ser o método de tratamento recomendado.
“O tratamento da estenose aórtica por técnicas de cardiologia de intervenção é um dos temas mais atuais e importantes da nossa área, o que torna a sua discussão multidisciplinar uma mais-valia. Assim, os médicos assistentes têm pela sua frente o desafio de dar resposta a esta nova era do tratamento valvular para os seus doentes e devem encaminhar os doentes para cardiologistas que integrem equipa multidisciplinares treinadas, compostas por vários especialistas como cirurgiões, anestesistas e geriatras”, refere Rui Campante Teles.
Este desenvolvimento permite que os doentes, maioritariamente idosos, não sejam sujeitos a uma cirurgia de peito aberto onde poderiam correr mais riscos e ter um pós-operatório mais longo que implica a passagem pelos cuidados intensivos. Um procedimento que, por vezes, não era considerado opção para os doentes devido ao seu carácter invasivo, complexidade e potenciais complicações.
PR/HN/Vaishaly Camões
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