Os investigadores queriam saber mais sobre a forma como os medicamentos, que são calledpan-Bcl-2 ou inibidores específicos Bcl-xL, levam à morte celular, especialmente em células com danos no RNA, ADN ou proteínas.
Eles tiveram um palpite de que os fatores químicos e físicos que causam danos no ADN, RNA ou nas proteínas de células saudáveis – como é o caso de tratamentos como a radiação – podem também predispor as células que antes eram saudáveis a morrer se forem expostas aos medicamentos inibidores pan-Bcl-2 ou Bcl-xL. Um número de tratamentos cancerígenas utiliza esta combinação de medicamentos e outros tratamentos para tentar combater cancros que se tenham tornado resistentes a tratamentos de um medicamento apenas. Ao que parece, o seu palpite estava certo.
Os problemas com os ensaios clínicos
“O nosso estudo explica poque é que ensaios clínicos com 31 combinações de medicamentos que incluem inibidores Bcl-2 foram encerrados, retirados ou suspensos”, diz Denis E. Kainov, o autor sénior do estudo que foi publicado na MDPI Cancers. Kainov é professor associado no Departamento de Medicina Clínica e Molecular da NTNU.
Kainov identificou especificamente ensaios com o medicamento pan-Bcl-2 navitoclax e abiraterone, e rituximab em pacientes com recaídas de linfoma difuso de grandes células B, e navitoclax mais acetato de abiraterone com ou sem hidroxicloroquina em pacientes com cancro da próstata metastico progressivo castratório (NCT02471391, NCT01423539).
“Achamos que os médicos e pacientes devem estar cientes dos efeitos adversos de certos medicamentos como navitoclax”, disse Aleksandar Ianevski, o principal autor do estudo e candidato a doutoramento no Departamento de Medicina Clinica e Molecular da NTNU. “Esta informação tem o potencial de salvar vidas e melhorar o tratamento para os pacientes com cancro”.
Testado em células de nematodes
Os investigadores testaram a sua ideia ao expor pequenas lombrigas a substancias danificadoras de ADN com o inibidor específico Bcl-xl.
Os nematodes que foram tratados com duas substâncias morreram mais rápido do que os que receberam apenas uma ou nenhuma substância. Foram ainda observados defeitos reprodutores e de desenvolvimento nas lombrigas que receberam a combinação de medicamentos.
A toxicicidade do tratamento combinativo foi também testada em células saudáveis e não-malignas de cães, humanos e macacos, e resultou na morte de todas as células. Um teste semelhante em células malignas mostrou que a combinação dos tratamentos mataria estas células de forma igual. Mas, uma vez que o objetivo de um tratamento anticancerígena é matar as células malignas enquanto as benignas permanece, esta combinação não cumpre os requisitos.
Infeções virais podem vir a ser um problema
Quando as células são infetadas por um vírus, este vírus insere nelas o seu próprio RNA ou ADN e torna-as numa máquina de fazer vírus.
Os inibidores específicos Bcl-xL ou pan-Bcl-2 causam a morte destas células infetadas. Segundo Kainov, os inibidores específicos Bcl.xL ou pan-Bcl-2 podem ter efeitos adversos porque os pacientes com cancro podem ser infetados com diferentes vírus, como herpes, coronavírus ou influenza.
NR/HN/João Daniel Ruas Marques
0 Comments