Universidade do Minho utiliza estímulos acústicos para ajudar doentes com Parkinson

29 de Julho 2020

A Escola de Engenharia da Universidade do Minho (EEUM) quer atrasar os efeitos da doença de Parkinson através de estímulos acústicos e monitorização recorrendo a um leitor de mp3 e a um simples smartwatch no pulso. O objetivo é auxiliar nos processos diários da reabilitação cognitiva e motora daqueles pacientes e no seu acompanhamento por cuidadores e médicos.

De acordo com os especialistas, “o som é dos principais meios para estimular o ser humano e, nas doenças neuro-degenerativas, a musicoterapia ajuda no estado de espírito e a desbloquear movimentos”. Desta forma o projeto científico, designado “TECA-PARK- Tecnologias de capacitação acústica para a assistência, monitorização e reabilitação de pacientes com doença de Parkinson”, surge como ferramenta de apoio para o tratamento da doença de Parkinson.

“O “TECA-PARK” inova ao recorrer a objetos de uso frequente no quotidiano do paciente. Entrega-lhe um kit de estimulação (leitor de mp3 com auriculares, para ouvir duas vezes ao dia uma estimulação de dez minutos) e ainda um kit de monitorização (relógio inteligente, telemóvel ou tablet, para realizar exercícios bissemanais). Esses suportes recolhem a informação gerada e enviam-na para servidores, onde algoritmos de inteligência artificial relacionam os dados com a evolução dos sintomas do paciente e eventuais melhorias fruto desses estímulos acústicos.”

Na Universidade do Minho criou-se ainda uma ferramenta de monitorização do movimento, decisiva para perceber o efeito dos medicamentos na autonomia dos doentes, trazendo, ainda, mais dados para a sua avaliação clínica.

O projeto “TECA-PARK” conta com a parceria das universidades Politécnica de Madrid e de Oviedo, em Espanha, e o apoio do Hospital Senhora da Oliveira e Lar de Santa Estefânia, ambos em Guimarães. É financiado pelo Centro Internacional sobre o Envelhecimento, ligado ao programa transfronteiriço INTERREG e ao Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. A investigação em Portugal é coordenada por Pedro Arezes e Nélson Costa, do Centro Algoritmi da UMinho.

O projeto já foi experimentado na Península Ibérica e nos Estados Unidos. “Na primeira fase do projeto, as tecnologias desenvolvidas foram integradas numa plataforma em nuvem que utiliza técnicas de reconhecimento de padrões e big data. O suporte foi validado com as associações Parkinson Madrid, Jovellanos, Aparkam e com o laboratório AgeLab do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA.”

A chegada da pandemia levou à suspensão de trabalhos de análise da eficácia, impedido verificar se o estímulo acústico produz efeitos retardadores da evolução da patologia. No entanto, os resultados prévios confirmaram que a ferramenta é útil para acompanhar a evolução da doença, diz aquele investigador do Grupo de Ergonomia & Fatores Humanos do Centro Algoritmi e professor do Departamento de Produção e Sistemas da EEUM.

Os cientistas garantem o compromisso na promoção da qualidade de vida dos doentes de Parkinson através de tecnologias inclusivas, não invasivas e de baixo custo, que favoreçam a estimulação, monitorização e acompanhamento do paciente, facilitando em simultâneo a interação com o cuidador e o clínico assistente.

PR/HN

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