Novas informações sobre como o cancro da próstata causa tumores secundários

6 de Setembro 2020

O aumento da consciencialização a um nível molecular sobre que mecanismos utilizam as células do cancro da próstata para se tornaram móveis e começarem a espalhar-se pode, a longo prazo, providenciar novas oportunidades para tratamento do cancro da próstata mais agressivo. Isto de acordo com um novo estudo conduzido pelos investigadores da Universidade de Umeå, na Suécia, em colaboração com os investigadores em Uppsala e Tóquio.

“Podemos mostrar que um aminoácido específico numa molécula de sinalização desempenha um papel importante na mobilização das células cancerígenas e, dessa maneira, aumenta o risco de metástase”, diz a professora Maréne Landström, da Universidade de Umeå.

Esta investigação estudou o fator de crescimento TGF- β (Fator de Crescimento Transformativo β), que regula como as células crescem e se especializam. Os estudos anteriores mostraram uma sobreprodução de TGF- β em muitas formas de cancro, uma sendo o cancro da próstata. Foram provadas as ligações entre os altos níveis de TGF- β e os fracos prognósticos e a baixa sobrevivência como consequência do fator de crescimento estimulante de células cancerígenas, que se espalham no corpo humano e causam tumores secundários perigosos – as chamadas metástases.

O TGF- β regula a expressão da proteína Smad7 – um componente ativo na cadeia de sinalização TGF- β. Nas células saudáveis, a Smad7 consegue prevenir a sinalização continua do TGF- β através de feedback negativo. Apesar disso, Maréne Landström e o seu grupo de investigação conseguem agora mostrar, ao contrário do que se acreditava, que, em células cancerígenas, a Smad7 pode reforçar o desenvolvimento dos tumores ao regular a expressão genética d HDAC6 e c-Jun.

O aminoácido específico que captou a atenção dos investigadores chama-se Lys102 e encontra-se na Smad7. Este aminoácido liga-se a funções reguladoras de genes no ADN para aumentar a produção da expressão do gene HDAC6 e c-Jun. Isto leva a que as células cancerígenas se tornem mais moveis e mais prováveis de formar metástases. Os investigadores têm conseguido ver uma clara ligação entre todas estas variáveis e um prognóstico negativo para o cancro da próstata.

“As boas notícias são que ao utilizar um tratamento com um inibidor HDAC6 podemos fazer com que as células de cancro da próstata percam a mobilidade. Dessa forma, novas oportunidades possam ser abertas para tratamentos que reduzem o risco de metastases”, diz Maréne Landström.

Estudos clínicos estão agora a ser realizados no Reino Unido para encontrar inibidores HDAC6 específicos em pacientes com tumores sólidos, o que quer dizer que os tratamentos com recurso a inibidores HDAC6 pode tornar-se um complemento no tratamento do cancro de pacientes com formas da doença difíceis de tratar. Estudos futuros podem explorar o benefício de indicar expressões de Smad7, HDAC6 e c-Jun para permitir tratamentos novos e mais específicos para homens com cancro da próstata agressivo.

O estudo mostra também uma função totalmente nova de Smad7 na forma como pode recrutar Smad2 e Smad3 para o lugar de transcrição para estes novos genes. Anteriormente pensava-se que a Smad7 detia o papel de inibidor para a atividade de transcrição TGF beta-Smad2/3.

O estudo foi publicado no jornal científico iScience.

Mais informação Aqui.

NR/HN/João Daniel Ruas Marques

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