19/04/2023
“A Nigéria tem o maior fardo [de malária] do mundo e os comités concordaram que a utilização de uma vacina eficaz é necessária como resposta adicional”, disse Christy Obiazikwor, porta-voz da Agência Nacional para a Administração e Controlo de Alimentos e Medicamentos da Nigéria (NAFDAC).
A responsável indicou que um comité externo à NAFDAC e um grupo de peritos desta instituição reviram exaustivamente a vacina da Universidade de Oxford, antes de a aprovarem.
Os peritos constataram que a vacina, conhecida como R21/Matrix-M e fabricada pelo Instituto Soro da Índia, satisfazia os critérios de segurança e eficácia da Nigéria, acrescentou Obiazikwor.
É também a primeira a exceder o objetivo da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 75% de eficácia.
No entanto, a NAFDAC ainda não indicou quando é que estas vacinas estarão disponíveis na Nigéria, pois, pelo menos inicialmente, o país dependerá da doação de milhares de doses, antes de poder começar a comprá-las.
Apenas o Gana e agora a Nigéria, com mais de 213 milhões de pessoas, deram luz verde para a utilização da vacina.
O Gana aprovou a sua utilização em crianças dos 05 aos 36 meses, o grupo etário em maior risco de morrer de malária, em meados deste mês.
É uma vacina de baixa dose que pode ser fabricada em grande escala e a um custo modesto, permitindo o fornecimento de centenas de milhões de doses aos países africanos que mais sofrem de malária.
A R21/Matrix-M foi submetida a ensaios clínicos no Reino Unido, Tailândia e vários países africanos, incluindo um ensaio em curso da fase III no Burkina Faso, Quénia, Mali e Tanzânia, envolvendo 4.800 crianças.
Os resultados destes ensaios deverão ser publicados no final deste ano.
Em 2021, a vacina RTS,S – produzida pelo gigante farmacêutico britânico GSK – tornou-se a primeira vacina contra a malária recomendada para utilização generalizada pela OMS, embora a investigação tenha mostrado que a eficácia desse produto foi de cerca de 60% e diminuiu significativamente ao longo do tempo.
A doença matou 619.000 pessoas em 2021, com 96% dessas mortes registadas em África, de acordo com a OMS.
A Nigéria é o país mais atingido pela malária a nível mundial, sendo responsável por até 27% das infeções globais e 32% das mortes por esta doença nesse ano.
LUSA/HN
15/04/2023
Para a SPP e SBPT, a posição das autoridades de saúde inglesas não segue as boas práticas da Medicina baseada na evidência científica e na ética médica “primum non nocere”, ou seja, “primeiro não prejudicar”. Não segue, também, o princípio de precaução de saúde pública, já que existe farta documentação científica dos prejuízos para a saúde causados por estes produtos. Mesmo no Reino Unido, as autoridades de saúde da Escócia, por exemplo, já emitiram um comunicado dizendo que não apoiam esta iniciativa e que não há planos para adotá-la na Escócia.
Os cigarros eletrónicos não são nem dispositivos médicos nem medicamentos, são produtos de consumo banidos em mais de 40 países, que fornecem, além da nicotina inalada, outras quase duas mil substâncias. Já foram identificadas substâncias tóxicas e irritantes para os sistemas respiratório, cardiovascular e imunológico e até carcinogénicas, muitas delas não especificadas pelos fabricantes. “Esses aparelhos também oferecem perigos específicos, como o vazamento de metais pesados no filamento aquecido, aumentando o risco de cancro, síndrome respiratória aguda e explosão do dispositivo, por exemplo. Portanto, não existe o uso ‘terapêutico’ alardeado pela indústria e pelo governo britânico”, ressalta o pneumologista Paulo Corrêa, coordenador da Comissão Científica de Tabagismo da SBPT. “Como esses dispositivos fornecem nicotina, que causa grande dependência, e outros produtos tóxicos, os utilizadores acabam por persistir no uso prolongado, podendo sofrer os efeitos negativos na saúde e adoecer”, complementa Sofia Ravara, coordenadora da Comissão de Tabagismo da SPP.
Diversos estudos epidemiológicos em diferentes países, desde a América do Norte e do Sul até à Europa e Ásia, têm mostrado uma experimentação e consumo crescentes na população, sobretudo nos adolescentes e adultos jovens. Na Europa, os inquéritos do Eurobarómetro revelam uma tendência decrescente da cessação assistida pelos cuidados de saúde, enquanto parar de fumar sem assistência médica ou usando os cigarros eletrónicos tem crescido.
“A ciência já comprovou que os cigarros eletrónicos não ajudam quem está a tentar parar de fumar a fazê-lo. Na revisão sistemática e meta-análise ‘E-cigarettes and smoking cessation in real-world and clinical settings’, publicada por Kalkhoran e Glantz na revista científica The Lancet Respiratory Medicine, as pessoas que tentaram parar de fumar cigarro convencional utilizando cigarros eletrónicos tiveram 28% menos chance de sucesso do que os que não utilizaram esses dispositivos eletrónicos para fumar”, explica o pneumologista Paulo Corrêa. Segundo o especialista, muitos estudos que supostamente comprovam que esses dispositivos ajudam a parar de fumar têm conflitos de interesse, além de problemas de metodologia e execução.
“Não existe cigarro bonzinho, cigarro eletrónico é cigarro!”, alerta ainda Paulo Corrêa.
Se nunca tiver fumado cigarros tradicionais, não inicie o uso de produtos de tabaco aquecido, nem de cigarros eletrónicos. Se está a utilizar um ou mais desses produtos, saiba que o processo de parar de os usar é a melhor ação que poderá fazer pela sua saúde, agora e no futuro.
PR/HN/RA
27/03/2023
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03/03/2023
As notícias publicadas no jornal Daily Telegraph têm por base mensagens trocadas na rede social WhatsApp entre membros do Governo e altos funcionários públicos, que Hancock cedeu à jornalista Isabel Oakeshott quando escreveram em conjunto o livro “Diários da Pandemia”.
As notícias até agora publicadas usam mensagens seletivamente para transmitir a ideia de que Hancock influenciou o Governo, incluindo o antigo primeiro-ministro Boris Johnson, relativamente à necessidade de restrições.
O Telegraph noticiou hoje que o Johnson quis acelerar o levantamento das restrições em 2020, mas que foi desencorajado por Hancock, e que resistiu a um segundo confinamento em 2020 por questionar os dados científicos.
Nos últimos dias, ficou-se também a saber que um assessor de Hancock enviou por mensageiro um teste de covid-19 ao filho do antigo ministro Jacob Rees-Mogg e que o antigo ministro da Educação queria garantir o acesso a máscaras para evitar que não dar aos professores fosse uma “desculpa para não terem de ensinar”.
Hancock, atualmente deputado, disse hoje num comunicado estar “muitíssimo desapontado e triste com a enorme traição e abuso de confiança” por parte da jornalista, pedindo desculpa pelo impacto nos colegas e funcionários públicos.
“Não há absolutamente nenhum caso de interesse público para esta enorme violação”, afirmou, alegando que o escrutínio da forma como o executivo geriu a pandemia deve ser o inquérito público já aberto, para o qual já cedeu as mensagens.
Mas a jornalista invocou hoje o “interesse nacional esmagador” e rejeitou que o tenha feito por dinheiro.
“Isto tem a ver com os milhões de pessoas, todos nós neste país, que foram adversamente afetadas pela decisão catastrófica de confinar o país repetidamente com base em dados inconsistentes, muitas vezes por razões políticas”, justificou-se, em declarações à BBC.
O Reino Unido foi um dos países com maior número de mortes durante a pandemia, mais de 182.000, estando em curso um inquérito público sobre se tal poderia ter sido evitado.
Ao mesmo tempo, muitos políticos, sobretudo de direita, continuam a argumentar que as restrições foram excessivas tendo em conta o impacto na economia e sociedade em geral.
Isabel Oakeshott é uma conhecida crítica dos confinamentos, que apelidou de “desastre”, e é companheira do político Richard Tice, líder do Partido Reform, anteriormente conhecido como Partido do Brexit.
A jornalista tem também um historial de contar segredos e violar as regras da confidencialidade das fontes.
Em 2019, publicou no Daily Mail telegramas confidenciais em que o embaixador do Reino Unido em Washington, Kim Darroch, chamava à administração Trump disfuncional e inepta.
A Casa Branca cortou o contacto com o diplomata britânico e Darroch teve de se demitir.
Em 2011, escreveu uma história revelando que Vicky Pryce, uma economista casada com um deputado, tinha mentido à polícia para deixar o marido escapar a uma multa por excesso de velocidade.
A jornalista entregou mais tarde a correspondência que teve com Pryce aos procuradores, o que levou a que ela e o agora ex-marido fossem condenados a uma pena prisão.
As revelações são um novo revés para Hancock, que foi forçado a demitir-se do governo conservador em junho de 2021, depois de violar as regras de bloqueio do coronavírus, ao ter um caso com uma assistente quando eram proibidos contactos fora do círculo familiar.
O antigo ministro foi suspenso pelo Partido Conservador em novembro por se ausentar do Parlamento sem avisar para participar durante várias semanas num ‘reality show’ na Austrália – “Sou uma Celebridade… Tirem-me daqui”.
LUSA/HN
06/02/2023
Ao sindicato de enfermeiros Royal College of Nursing (RCN) juntaram-se pela primeira vez os sindicatos GMB e Unite, que representam paramédicos, condutores e telefonistas e outros funcionários ligados ao serviço de ambulâncias.
O RCN garantiu que os cuidados de emergência e tratamentos de cancro continuarão durante as 48 horas de paralisação, mas que é provável que milhares de consultas, exames e tratamentos sejam adiados.
O serviço de ambulância prometeu responder às chamadas mais urgentes, que durará um dia mas que será repetida na sexta-feira no mesmo setor, desta vez pelo sindicato Unison.
Em causa estão condições de trabalho, incluindo um aumento de salários que acompanhe a inflação superior a 10 por cento dos últimos meses e que levou à perda de poder de compra.
Ao contrário de outros setores da função pública, o Governo propôs um aumento médio de 4,8% para os trabalhadores do sistema nacional de saúde em Inglaterra e no País de Gales, incluindo enfermeiros, mas estes querem mais.
Num piquete de greve formado hoje junto ao University College London Hospital, em Londres, por dezenas de profissionais, Blessing segurava um cartaz onde se lia “Ajustem os salários aos crescentes custos do aluguer de cada e salvem os enfermeiros de ficarem sem abrigo”.
“O mercado de arrendamento em Londres está fora de controlo. Tive de mudar de casa porque o aumento da renda era muito alto, e agora vivo num quarto numa casa a dividir com outras pessoas, quase pelo mesmo preço”, contou esta alemã de origem nigeriana à Agência Lusa.
Segundo dados de agências imobiliárias, no ano passado os aumentos anuais das rendas na capital britânica chegam aos 40% a 60%, problemas que se refletem no trabalho, explica Blessing.
“Uma pessoa deve ser capaz de cuidar das pessoas e dar-lhes um serviço de qualidade porque se sente bem e porque consegue ir para casa após 12 horas de trabalho, descansar e recuperar”, defendeu.
A secretária-geral do RCN, Pat Cullen, afirmou que uma oferta salarial “significativa” por parte do Governo poderia acabar com as greves rapidamente, mas a secretária-geral do Unite, Sharon Graham, lamentou no domingo, em declarações à BBC, a falta de “negociações a qualquer nível”.
A dirigente sindical pediu a intervenção direta do primeiro-ministro, exortando Rishi Sunak a “vir à mesa e negociar – arregaçar as mangas e negociar”.
Toques de buzina por veículos de passagem na estrada em frente ao hospital demonstravam o apoio público aos grevistas, incluindo de pacientes como Sidney.
“Deviam receber um aumento de pelo menos 20%”, afirmou à Lusa, contando como nota que os médicos e enfermeiros estão sob mais stressados porque são “mais mal pagos do que outras profissões”.
A greve aumenta a pressão sobre o serviço de saúde público, que sofre da escassez de pessoal, atrasos acumulados durante a pandemia Covid-19 e aumentos de procura relacionado com doenças respiratórias típicas do inverno.
O ministro da Saúde, Steve Barclay exortou os trabalhadores a cancelarem as greves e pediu “um diálogo construtivo” sobre os salários para o ano fiscal 2023-2024, mas sindicatos querem um aumento salarial mais alto para o ano em curso.
A paralisação de hoje afeta apenas Inglaterra, pois foi suspensa na Escócia e País de Gales enquanto prosseguem as negociações com os respetivos governos autónomos.
A greve é a última de uma onda de protestos laborais nos últimos meses por trabalhadores de diferentes setores, como professores, maquinistas, trabalhadores dos aeroportos, guardas fronteiriços, instrutores de condução, condutores de autocarros e funcionários dos correios.
Esta semana, além de enfermeiros e operadores de ambulância, também vão fazer greve funcionários de universidade, fisioterapeutas e trabalhadores da Agência do Ambiente.
LUSA/HN