Subir preço do tabaco evitaria morte a 300 mil pessoas na América Latina

22 de Setembro 2020

O aumento em cerca de 50% do preço dos produtos de tabaco poderia evitar a morte a 300 mil pessoas na América Latina em dez anos, revelou um estudo feito em 12 países daquela região.

Segundo o estudo divulgado na segunda-feira, o aumento do preço do tabaco pode permitir ainda diminuir os cerca de 22 mil milhões de euros destinados ao tratamento de doenças provocadas pelo tabaco, notícia a agência Efe.

A investigação, liderada pelo Instituto de Efectividad Clínica y Sanitaria (IECS), em Buenos Aires, em colaboração com centros de investigação, universidades, entidades médicas e ministérios da Saúde dos países envolvidos no estudo, determinou que o tabagismo é responsável, de forma direta, por 345 mil mortes por ano nos 12 países.

Este número representa 12% do total de mortes em idade adulta na América Latina.

O estudo revelou ainda que o tabaco causa doenças a 2,21 milhões de pessoas por ano, que evoluem para patologias como o cancro, pneumonia ou doença pulmonar obstrutiva crónica, ou é a causa de enfartes ou acidentes vasculares cerebrais.

“O tabagismo continua a ser a primeira causa de doença e morte evitável no mundo. Cada pessoa que fica doente ou morre hoje devido ao tabaco implica consequências que se projetam durante anos”, realçou o diretor executivo do IECS, Andrés Pichon-Riviere, que é também o principal autor daquele estudo, publicado na revista científica The Lancet Global Health.

O trabalho, financiado pelo Centro Internacional de Investigação para o Desenvolvimento do Canadá, juntou a Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Honduras, México, Paraguai, Peru e Uruguai.

“A saúde frágil é um enorme travão para o desenvolvimento das economias, sobretudo para os países mais pobres. O tabaco, em particular, empobrece de uma forma desproporcionada as pessoas com menos recursos”, assinalou Andrés Pichon-Riviere.

O tratamento médico de pacientes com doenças ligadas ao tabagismo tem um custo direto de 22 mil milhões de euros anuais nos 12 países onde decorreu o estudo, onde se incluem gastos com diagnósticos, consultas médicas em consultórios e centros de saúde públicos ou privados e ainda com a Segurança Social.

Estes custos representam em média cerca de 6,9% do valor destinado por aqueles países à saúde e equivale a cerca de 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) no conjunto dos 12 países.

A investigação apurou ainda que o valor que os países arrecadam em impostos apenas cobre 36% dos gastos médicos com os problemas de saúde atribuídos ao tabaco.

Para os investigadores, a carga de impostos atual em muitos países está abaixo dos níveis recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

“O preço do cigarro na América Latina é extremamente baixo em comparação com outras regiões do mundo. Isso facilita o acesso ao tabaco, especialmente entre os mais novos. O aumento dos impostos está reconhecido em todo o mundo como uma das medidas mais importantes que os países devem implementar para combater o tabagismo”, sublinhou Andrés Pichon-Riviere.

O estudo concluiu que aumentar os impostos de forma a subir o preço de venda dos produtos de tabaco em 50% limitaria o consumo e permitiria evitar as tais 300 mil mortes na América Latina em dez anos.

NR/HN/LUSA

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