50% dos portugueses não tem acesso a cuidados de reumatologia

25 de Setembro 2020

Alerta dado no âmbito das Jornadas de comemoração dos 25 anos da A.N.D.A.R

De acordo com Luís Miranda, Presidente da Sociedade Portuguesa de Reumatologia, 50% da população portuguesa ainda não tem acesso a cuidados de reumatologia. “Trata-se de uma situação de iniquidade inaceitável que requer compromissos de todas as partes para que se encontre a melhor solução possível”, referiu o mesmo especialista. O alerta foi dado hoje na sessão de abertura das XX Jornadas da A.N.D.A.R – Associação Nacional de Doentes com Artrite Reumatóide, uma iniciativa que decorre até amanhã em Lisboa e serve para assinalar os 25 anos de existência da associação.
Para Arsisete Saraiva, Presidente da A.N.D.A.R, “ao longo destes 25 anos, muita coisa aconteceu e muito mais está para acontecer. Ajudámos os doentes a conseguir a comparticipação a 100%  de medicamentos essenciais no tratamento da doença e iremos lançar a primeira pedra do primeiro centro em Portugal dedicado exclusivamente à investigação e tratamento da Artrite Reumatóide em Portugal. Este é o nosso grande sonho, um centro criado e pensado de raiz para doentes com Artrite Reumatóide, com uma imagem singular, espelho de segurança, conforto, sofisticação e tecnologia. Terá gabinetes médicos, salas de tratamentos e exames, sala de trabalho de enfermagem, ginásio, fisioterapia e hidroterapia (piscina), um núcleo de Internamento, com uma unidade de cuidados continuados integrados, um centro de dia e ainda um auditório com capacidade para 300 lugares, e sala de exposição técnica, para além do já referido Centro de Investigação”.
A sessão de abertura contou ainda com a participação do deputado do PSD e membro da Comissão Parlamentar de Saúde, Ricardo Baptista Leite que, por sua vez, destacou o papel da A.N.D.A.R em 25 anos no apoio aos doentes e a resiliência destes perante uma patologia altamente incapacitante. “Aqueles que vivem com a doença são os verdadeiros especialistas das suas condições de saúde”, concluiu o representante parlamentar.
Em Portugal, são cerca de 50.000 a 70.000 as pessoas que sofrem com artrite reumatoide, uma doença reumática inflamatória crónica das articulações, mas que pode atacar, entre outros, órgãos como coração, pulmões, glândulas endócrinas, pele ou rins. Os principais sintomas são dores nas articulações, com rigidez matinal e inchaço. Geralmente, estas dores começam nas mãos, pés, cotovelos, tornozelos e joelhos. Esta doença pode acontecer em qualquer idade, mas é mais comum entre os 30 e os 50 anos e com maior prevalência no sexo feminino. Quando não tratada precoce e corretamente, acarreta, em geral, graves consequências para os doentes, traduzidas em incapacidade funcional e para o trabalho.
Durante a pandemia, a associação continuou o seu trabalho, com particular relevância na distribuição de medicamentos. “Desde março que, em plena pandemia, mantemos uma parceria com uma Associação de Motards, que recolhe nas farmácias hospitalares e entrega no domicílio dos doentes medicamentos de dispensa exclusiva hospitalar. Desde então, já fizemos cerca de 300 entregas em 32 localidades, desde Portimão até Monção”. Para o futuro, a A.N.D.A.R pretende concluir o Centro de Acolhimento e Centro de Investigação Clínica, anunciado nas jornadas do ano.
PR/HN/Adelaie Oliveira

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