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+COVID-19: sempre pensei que no Outono teríamos uma Primavera das estratégias de prevenção, mas até agora (quase) nada!
Estamos quase na pior situação (atingida na Primavera passada) em matéria de número de casos (COVID-doença e COVID-infecção) e muito antes do que se esperava. Se já se passa o que estamos a vivenciar agora, o desenrolar do ano escolar e a chegada do tempo frio acarreta uma forte probabilidade de ainda piorar mais as coisas. Os indicadores sobre internamentos agravam-se igualmente, ainda que retardados em relação aos “casos” e, felizmente, bem aquém do que aconteceu na Primavera mas com um crescimento, se bem que não exponencial, diria “galopante”.
O modelo “pull” (puxar) e “push” (empurrar) é ainda pouco preciso na luta contra o SARS-CoV-2 e, aparentemente, parece que alguém não conhece a língua inglesa numa qualquer entrada e às vezes empurra quando devia puxar ou puxa quando devia empurrar. Temos que melhorar a visibilidade do que é “invisível” sob pena do vírus circular quase livremente na comunidade e “espalhar” o vírus parece que está quase a ser a regra: infecta-se na escola e alastra-se na família, no trabalho, na ocupação de tempos livres e nos transportes públicos …. e os quatro dígitos diários estão quase aí, e não sabemos por quanto tempo e, entretanto, o Rt teve um “apagão” na comunicação do risco. Só interessava quando estava a descer?
Temos de actuar, em minha opinião, de forma diferente do presente foco principal, praticamente centrado em sintomáticos e nos seus contactos de risco e reformular a estratégia de avaliação de risco (“risk assessment”) e a decorrente gestão de risco. Caso contrário ficaremos como nos tempos actuais: a fazer, no essencial, o controlo de danos (“damage control”). Dito de outra forma, estamos a antecipar muito pouco o que era previsível poder ocorrer e a responder mais de uma forma “mitigada” do que de prevenção, ainda que ambas as estratégias sejam estratégias “respeitáveis” num contexto de “economia aberta”.
E se é assim no outono, como será no inverno? Convém a esse propósito lembrar que, tudo leva a crer, que não será nestas épocas que poderemos dispor de vacina de forma generalizada, restando a esperança que o arsenal terapêutico possa continuar a melhorar.
Volto a sugerir, não seria altura de darmos mais atenção aos casos de COVID-19-infecção que, no essencial só são identificados quando, por qualquer circunstância, se rastreia um determinado conjunto de pessoas?
Adicionalmente, estaremos a empoderar (isto é, a capacitar e a dar autonomia) da melhor maneira possível os cidadãos?
Essa história dos “Agentes de Saúde Pública” tem recebido a atenção e a acção suficiente para, de facto, se fomentar esse estilo de actuação?
Precisamos de melhor organização, de meios e instrumentos menos acanhados e de mais convicção sobre as mais correctas estratégias a adoptar para o actual combate à COVID-19. A “teoria da culpa” que começa a ter um perfil epidémico é inimiga da “teoria do risco” e o grande objectivo é reduzir a probabilidade de contágio que está sempre no início do “processo” pandémico e não quem tem culpa disso uma vez que isso não resolve nada e “mordisca” o clima de confiança uns nos outros indispensável ao sucesso.
Será que o foco quase exclusivo nos sintomáticos ainda é a melhor estratégia?
Devemos “refrescar” as estratégias em que parece estarmos mais focados e ser mais pró-activos não só em relação a grupos vulneráveis, mas ainda em relação à circulação “silenciosa” do vírus noutros grupos populacionais?
Uma coisa é certa, actualmente a ligação entre as actuais estratégias de acção e a gestão política parece óbvia. Não deveria a abordagem técnica em Saúde Pública ser mais isenta, e não digo ser equivalente à do trabalho realizado numa unidade de cuidados intensivos ou numa enfermaria como em parte deveria ser, e menos ligada ao senso comum que nem sempre é bom senso?
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