4ª Edição do workshop MSD “O Doente no Centro da Imunoterapia” Professor Venceslau Hespanhol: um fórum de discussão sobre vários problemas da oncologia torácica

10/06/2020
Em entrevista à HealthNews, o Prof. Dr. Venceslau fala-nos sobre as novidades desta quarta edição – a primeira online do workshop “O Doente no Centro da Imunoterapia” dedicado ao cancro do pulmão

Decorre no dia 10 de outubro a quarta edição do workshop “O Doente no Centro da Imunoterapia” dedicado ao cancro do pulmão. Com um programa vasto e que abrange os mais específicos temas, como a parceria farmacêutico-médico, os novos desafios no acompanhamento do doente com cancro do pulmão, a Imunoterapia em populações especiais ou o diagnóstico anatomopatológico no cancro do pulmão (entre outros), o evento reúne especialistas nacionais e internacionais. É o caso do Prof. Dr. Venceslau Hespanhol, peumologista, diretor do serviço de pneumologia do Hospital de São João no Porto, e professor catedrático convidado da faculdade de medicina do Porto.
Em entrevista à HealthNews, o Prof. Dr. Venceslau fala-nos sobre as novidades desta quarta edição – a primeira online –, os desafios e o próprio programa. As inscrições ainda estão abertas. Pode inscrever-se AQUI

 HealthNews (HN) – Qual é exatamente o seu papel nesta conferência?
Prof. Dr. Venceslau Hespanhol (VH) –
Vou moderar duas sessões. Uma tem que ver com a interdisciplinaridade do tratamento oncológico, neste caso a interação com os farmacêuticos. Depois, no encerramento do evento, vou moderar uma discussão sobre a problemática da realização de ensaios clinicos em todo o mundo, mas em Portugal em particular. Vamos falar sobre as dificuldades destes ensaios, de como as ultrapassar. Serão discussões abertas nestes campos.

HN – No que é que consiste a 4ª edição do Workshop da MSD, e qual a pertinência destes workshops?
VH –
Como disse, é já o quarto evento que tem tido o apoio da MSD, e na prática é uma forma de discutirmos problemas comuns. Eu e mais dois colegas tentamos organizar o evento com ajuda da MSD, e pretende-se que seja, ao fim ao cabo, um fórum de discussão sobre vários problemas da oncologia torácica. Abordamos temas mais concretos como o diagnóstico precoce, o tratamento, a própria quimioterapia – o tratamento basilar dos doentes com cancro avançado do pulmão, que pessoas beneficiarão desse tratamento, os problemas associados, resultados e estratégias. Normalmente, este tipo de discussões são feitas em forma de workshop, em que se pretende que as pessoas interagem de forma estreita umas com as outras para que partilhem e todos ganhem com as experiencias individuais dos outros.
É também uma forma de estarmos todos juntos e harmonizarmos o conhecimento gerado em Portugal. Através destas discussões e opiniões acabamos por trocar conhecimentos que nos permitem tornar-nos mais uteis para os doentes, que é isso que se pretende.

HN – Esta é já a quarta edição, o que é que trás de novo?
VH – Tem muito de novo, mas fundamentalmente é a forma diferente de interagir. Embora algumas pessoas estejam presentes fisicamente, a maior parte estará online, e isso é que vai ser o grande desafio: como é que podemos estar todos na reunião e interagir como era usual?
Eram reuniões que normalmente começavam com um plenário e que depois se dividiam em workshops com temas variados. É algo que nunca testámos nestes novo formato online.
Em relação aos temas, eles certamente despertam interesse por si só, mas o grande o desafio é estarmos juntos como estaríamos anteriormente. E para já não tenho referências para saber como vai correr, mas com a experiência que temos tido ao longo deste tempo, em que grande parte dos eventos têm sido não-presenciais, poderá correr muito bem. É que desta forma permite-nos convidar mais pessoas, se o quisermos, sem que precisem de se deslocar. Por um lado, a pessoa não se desliga dos seus afazeres, e isso é, de certa forma negativo, porque quando uma pessoa muda de sítio para se deslocar a uma conferencia deixa de fazer outras coisas. Esse é o problema deste tipo de eventos. Na prática, muitas pessoas não encerram o que estão a fazer, e assistem na mesma, com atenção dividia.
Por outro lado, permite-nos que as pessoas que têm interesse verdadeiro em estar na discussão possam contornar alguns problemas de agenda e estar presentes. Num minuto podem estar presentes e voltar a ausentar-se, se assim for necessário.

HN – O Dr. vai estar presente em pelo menos um workshop, no que é que consistem estes workshops online?
VH –
Eu estarei envolvido numa discussão. Haverá alguém a fazer uma apresentação sobre um tema e eu estarei numa função de “animador” da discussão. Porque os workshops, normalmente, funcionam assim: duas pessoas apresentarão um tema cada um, depois, uma outra pessoa que tem que estar por dentro do assunto vai animar a discussão entre os presentes. É essencialmente este o formato.

HN – O Professor é ainda coordenador científico do evento…
VH – Sim, eu e os restantes colegas coordenadores juntámo-nos ao longo do ano numa série de reuniões para elegermos as questões mais apelativas possíveis para o evento. Foi uma coisa pensada um pouco para todos os profissionais de saúde, desde enfermeiros a farmacêuticos, médicos

HN – Relativamente ao programa, o que destacaria?
 VH – O programa começa com uma abertura em plenário que aborda um tema base para que todos assistam. Todos os temas são deveras importantes porque têm que ver com a questão do diagnóstico e com estratégias de tratamento, mesmo utilizando a imunoterapia. Mas destacaria talvez “A parceira Farmacêutico-Médico na abordagem ao doente com cancro do pulmão”.
É que hoje em dia torna-se difícil transmitir aos doentes que leva tempo até escolhermos o tratamento ideal para cada um, por tratam-se de tratamentos individualizados. Muitas vezes, chegar aos tratamentos parte de um processo quase matemático, em que temos que encontrar determinados marcadores que indiquem que aquela pessoa em concreto terá determinado benefício com determinado tratamento.
Isto obriga a estratégias de diagnóstico, para que existe um diagnóstico bastante preciso. É por isso que lhe chamam medicina de precisão, ao fim ao cabo. Embora, em algumas circunstâncias, não se façam as coisas com a precisão de que gostaríamos. Mas para lá caminhamos, porque esta medicina cada vez está mais afinada.
Em questão de tratamento e diagnóstico, os profissionais de saúde funcionam como peças de um puzzle. As coisas não funcionam hoje em dia como antigamente, em que se chamava um médico, ele ocultava e estava o paciente despachado. Hoje em dia são precisos os contributos de muita gente: tanto médicos como enfermeiros e farmacêuticos, todos têm um papel muito importante para que tudo corra certinho e se faça o que tem de se fazer. Todas as profissões envolvidas têm que levar a cabo uma estratégia coletiva em que esteja todos perfeitamente elucidados sobre qual é a sua parte e a dos outros, de tal maneira a que saia tudo certinho e automático.

Entrevista de João Marques

 

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