“O problema é que 100% do Partido Republicano está a permitir que ele se comporte da forma como se está a comportar. Ninguém se dá ao trabalho de o controlar. Podia ter sido impedido (de sair do hospital) porque ele não é nenhum imperador, é só um homem que podia ter sido impedido pelos médicos, mas ninguém o faz porque querem ter as coisas que vão ter depois de ele conseguir ficar na Casa Branca”, disse à Lusa Mary L. Trump.
Na passada sexta-feira, Trump anunciou através da rede social Twitter que tinha sido testado positivo ao novo coronavírus e que iria ficar em quarentena, mas menos de 48 horas depois fez uma aparição pública.
“Ele no domingo pôs em perigo aqueles que o acompanhavam. Espero que não aconteça mas o que acontece se um dos agentes dos serviços de segurança (Secret Service) ficar doente? O que chamamos a isto? O que está a acontecer ultrapassa a compreensão e ainda por cima existe uma possibilidade, muito viável, de ele continuar na Sala Oval, depois de novembro. Não consigo perceber”, disse à Lusa Mary L. Trump.
No livro “Demasiado Tarde e Nunca Suficiente – Como a minha família criou o homem mais perigoso do mundo”, recentemente publicado em Portugal, a filha do irmão mais velho do presidente dos Estados Unidos relata a história dos Trump que – apesar do império imobiliário em Nova Iorque – é marcada por uma “total” falta de sensibilidade e empatia.
Segundo Mary L. Trump a família foi fortemente influenciada pelo pastor Norman Vicente Peale, da Marble Collegiate Church, de Manhattan, que nos anos 1950 escreveu o livro “O Poder do Pensamento Positivo”, antecipando-se “aos evangelhos da prosperidade” e que considerava “patética a doença popularmente conhecida como complexo de inferioridade”.
Os conselhos do pastor Peale foram acolhidos por muitos homens de negócios bem sucedidos como o patriarca da família da Trump.
“Na minha família as pessoas não são religiosas, muito menos o meu avô (Fred Trump, 1905-1999) e o meu tio (Donald Trump). O meu avô não sabia lidar com os aspetos negativos da vida ou fraqueza e ele considerava a bondade como uma fraqueza, assim como estar doente e isso explica muito a atitude de Donald em relação ao Covid-19”, considera a sobrinha do presidente, doutorada em psicologia, responsabilizando a Casa Branca pela falta de medidas contra a pandemia.
“Veja-se o que está a passar, temos 210 mil norte-americanos mortos porque ele (Donald Trump) não é capaz de admitir que haja uma coisa destas (SARS CoV-2) que possa afetá-lo porque ele vê-se como um pilar ou uma fortaleza”, critica frisando o comportamento do presidente dos Estados Unidos face à crise sanitária.
“Já não é hiperbólico afirmar-se que ele não fez nada sabendo que havia muitas coisas que podiam ter sido feitas para mitigar os efeitos deste vírus. O que é se chama a isto? Ele sabia que as pessoas começavam a ficar doentes e recusou-se a tomar medidas. Ele sabia que o uso da máscara sanitária é eficaz mas recusou-se a usar a máscara influenciando o comportamento de milhares de norte-americanos”, acusa.
Donald Trump deixou segunda-feira o hospital militar Walter Reed onde esteve internado desde sexta-feira por ter testado positivo à Covid-19.
Usando uma máscara sanitária, Donald Trump percorreu a pé a curta distância entre a porta do hospital e o carro oficial que o levou ao helicóptero Marine One e depois à Casa Branca.
Levantando várias vezes o punho e o polegar em sinal de força, o chefe de Estado ignorou as perguntas dos jornalistas que o questionaram sobre o número de pessoas atualmente infetadas na Casa Branca e sobre se se considerava um transmissor de Covid-19.
Os médicos de Trump disseram que o presidente vai continuar a recuperação na Casa Branca, onde vai ser atendido 24 horas por dia, sete dias por semana, por uma equipa de médicos e enfermeiros.
Ainda que, segundo o médico permaneça “contagioso”, Donald Trump indicou, momentos antes de sair do hospital, que não vai ficar impedido de participar nos atos de campanha durante muito tempo, escrevendo numa publicação difundida na rede social Twitter: “Voltarei em breve”.
Antes antecipou-se à conferência de imprensa da equipa médica anunciando a saída do hospital.
“Sinto-me muito bem! Não tenham medo da Covid-19. Não deixem que ele domine as vossas vidas. … Sinto-me melhor do que há 20 anos”, escreveu o chefe de Estado.
Para a sobrinha, Mary L. Trump, “infelizmente ninguém que tenha informações está a dizer a verdade sobre o que realmente” se está a passar.
“Ele está doente, sabemos que está doente caso contrário não teria estado num hospital e não estaria a ser submetido à medicação que lhe estão a dar, se não estivesse doente. Mas há uma razão para ele vestir um fato e tirar fotografias ou pôr em perigo a vida dos próprios seguranças ao dar um passeio para saudar os apoiantes: ele não consegue admitir que possa estar doente. Para ele seria uma demonstração de uma imperdoável fraqueza”, disse à Lusa Mary L. Trump que aguarda com expectativa o próximo debate televisivo com o candidato democrata, Joe Biden.
“O último debate na televisão foi um pesadelo, se eu tivesse de usar uma expressão para o definir diria que foi um ataque. Fora isso, ele entrou no debate com uma tática: falar por cima de toda a gente para evitar temas políticos e medidas governativas porque ele não tem nada para dizer sobre isso. A administração falhou em tudo. Não nos podemos esquecer que a notícia do New York Times sobre a fuga aos impostos e os falhanços empresariais tinha sido publicada dois dias antes. O comportamento dele foi uma tática e o que eu vi nele foi desespero. Ele é um homem desesperado”, disse ainda Mary L. Trump.
No livro “Demasiado Tarde e Nunca Suficiente – Como a minha família criou o homem mais perigoso do mundo”, recentemente publicado em Portugal, a filha do irmão mais velho do presidente dos Estados Unidos relata a história dos Trump que – apesar do império imobiliário em Nova Iorque – é marcada por uma “total” falta de sensibilidade e empatia.
Mary L. Trump, 55 anos, psicóloga doutorada pelo Derner Institute relata a história do pai, Freddy Trump, criado para ser o herdeiro do avô, Fred Trump, mas que acabou deserdado por demonstrar interesses que não agradavam ao fundador da empresa Trump Managements.
No mesmo livro relata a forma como ajudou a expor as irregularidades financeiras da família.
LUSA/HN
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