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A favor, ou contra, as vacinas?
Nos últimos anos assistimos com alarido e desvalorização gradual ao papel e valor das vacinas, nomeadamente quando incluídas nos programas nacionais de vacinação, também em Portugal.
Talvez por duas razões essenciais.
A primeira, porque a Europa e o mundo que se diz civilizado habituaram-se à função do Estado-Providência que atua, paga e salva quando é preciso, oferecendo em maior ou menor escala respostas públicas eficientes e de qualidade apreciável.
A segunda porque em todos os modelos liberais se consente espaço e teoria para, em nome da liberdade e dos direitos individuais, se promover a falta de respeito e a indiferença pelo próximo, pelas regras de saúde pública e pela contestação gratuita do que é oficialmente sugerido ou proposto.
No entanto, foi suficiente um vírus e o alarme gerado no plano planetário, o receio associado a uma clara demonstração do que poderia ser um qualquer atentado terrorista biológico e eis a aparente revolução de mentalidades!
Muitos dos pais e profissionais de saúde que não viam vantagem na vacinação dos sues filhos e crianças, recusando as convocações feitas pelos serviços correspondentes, contam-se nesta nova ordem entre os que mais reclamam por uma vacina para o coronavírus…
O que vai salvar a Economia, o Mundo e os Mercados – e por arrastamento as pessoas é agora uma vacina contra a COVID-19.
Não interessa qual vacina, que efeitos de imunização no tempo e no grau de imunidade, se serão necessários reforços ou não e em que tempo, que efeitos secundários ou contraindicações, ou outras questões que na área do medicamento em geral e das vacinas em particular, são sempre altamente exigentes e escrutinadas.
Na verdade a era COVID abriu-nos um mundo novo com regras e procedimentos inventados ou reestruturados, formas inovadoras de trabalho ou estudo e, esperemos de raciocínio.
A noção de antecipação não se distingue da ideia da preparação ou prevenção.
As vacinas não serão todas iguais entre si e a extensão anunciada ou vendida de soluções disponíveis a curtíssimo prazo assusta à luz do que tem sido o conhecimento científico no campo vacinal.
Não admira por isso que a Comissão Europeia, por exemplo, esteja até disponível para compensar a indústria farmacêutica pelos elevados riscos associados à responsabilidade civil associada a administração das vacinas já virtualmente adquiridas!
A definição de grupos de risco deve ser clarificada ainda que abrangente, não descurando os sectores profissionais ligados aos serviços públicos essenciais, segurança, socorro e saúde.
Mas julgo imperioso sinalizar e inocular todos os que evoluam clinica e independentemente da patologia crónica subjacente, com grande instabilidade ou variabilidade, prenunciando acréscimo de risco. Bem como quantos tenham cuidados partilhados entre os níveis hospitalar e primário, acautelando agudizações e exacerbações ou descompensações.
E os idosos, claro. Mas igualmente os de qualquer escalão etário que vivam em cenários de isolamento social ou distanciamento de potenciais cuidadores e/ou sem suporte familiar, ou que inversamente estejam institucionalizados de modo temporário ou permanente, incluindo lares juvenis, prisões, todo o tipo de estruturas residenciais de seniores).
Enfim novos tempos…
Lembremos que aos profissionais de saúde, e pessoal hospitalar em especial, não bastará pedir paciência e disponibilidade, sacrifício e dedicação. Essas qualidades existem em regra.
Reconhecer-lhes esse comportamento é bem mais importante e o respeito por eles demonstrado não pode ser o que lhes foi assegurado antes da Pandemia e quando o clima de violência e de agressões por utentes campeava.
O Ministério da Saúde poderá vir a dispor brevemente de vacinas para a COVID-19 (esperemos que mais do que teve para a gripe…), mas a falta de pessoal e recursos não irá ser resolvida por essa vacina tão desejada!
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