Principalmente dirigido a empresas “que deem respostas de responsabilidade social e sustentabilidade no desenvolvimento das suas atividades profissionais”, a Abraço decidiu submeter três candidaturas ao prémio “Boas Práticas de Responsabilidade Social”, explica Cristina Sousa. Em separado seguiram apresentações dos projetos do Gabinete Dentário, que tem mais de 10 anos de existência, do Serviço de Apoio Domiciliário e dos Centros de Rastreio, uma ferramenta importante para alcançar as metas da ONUSIDA.
“Quando a informação chegou à Abraço achámos que fazia sentido. Faz parte da evolução dos tempos, sobretudo porque as ONG muitas vezes têm uma missão sem reconhecimento. Para além disso, é um selo de qualidade para que os nossos utentes saibam que os nossos serviços têm qualidade “, explicou a presidente da Abraço.
A associação selecionou então três projetos distintos com potencial e decidiu apresenta-los ao júri do concurso, “só depois de apresentarmos a candidatura é que percebemos que tinha custos envolvidos. Felizmente, por trás da organização do prémio está a Fundação Montepio, que avalia e apoia algumas candidaturas, como fizeram connosco e com mais duas ONG”.
No final, apesar de efetuarem três candidaturas em separado, a Abraço viu-se distinguida com um único prémio. O júri decidiu reunir os três projetos e atribuir-lhes, em conjunto, o prémio.
“O Gabinete Dentário funciona há mais de 10 anos sem apoios estatais”. Na base do projeto, explica a presidente da associação, está uma equipa de 35 dentistas voluntários e uma equipa de funcionários da abraço que se dedicam à reabilitação dentária de doentes com VIH SIDA. “É um projeto que consideramos essencial pela importância em termos de reinserção e reintegração das pessoas que apoiamos e que não encontram respostas atempadas ou que consigam suportar economicamente”. Além destes voluntários, o Gabinete dentário usufrui de algumas doações por parte de farmacêuticas, mas a maioria dos custos é suportado pela associação.
O Apoio Domiciliário, por sua vez, é financiado pela Direção Geral de Saúde há mais de 15 anos e integra um equipa multidisciplinar de ajudantes familiares, assistentes sociais, nutricionistas e psicólogos . Com ação no Porto e em Lisboa, o projeto combate “o VIH que as pessoas acham que não existe”. “Destina-se a pessoas com diagnósticos tardios e com sequelas, sem mesoterapeutica, mas também aos utentes que vão envelhecendo e que precisam de apoio domiciliário”. A natureza do serviço varia consoante a necessidade do utente e pode ir de um turno curto destinado a ajudar em certas tarefas, até 24 horas diárias de apoio.
Já os Centros de Rastreio são o projeto premiado mais recente. Essencial para o alcance dos quatro 90% estabelecidos pela ONUSIDA, estes centros de rastreio realizam uma bateria de testes não só ao HIV, mas também a outras doenças sexualmente transmissíveis de forma anónima, confidencial e gratuita. O projeto conta também com fundos da DGS.
“Estes três projetos são quase metade da Abraço. (…) Foi surpreendente terem sido todos reconhecidos, estávamos à espera de talvez uma distinção, não três”, conta a assistente social de formação.
“Ficamos felizes com este reconhecimento porque as boas práticas das ONG são sempre muito difíceis de medir. Nesta área trabalha-se muito e quantifica-se muito pouco, pelo que ter este reconhecimento deixa-nos felizes. Se alguém quiser apoiar algum dos nossos projetos porque agora sabe que é reconhecido, então melhor ainda. Além de que as pessoas que nos chegam sabem agora que fazemos bem o nosso trabalho.
Entrevista de João Marques
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