Os investigadores estudaram a eficácia de três intervenções psicológicas – sentimentos de nostalgia, gratidão e otimismo em relação ao futuro – e como cada um delas afeta o nosso bem-estar durante o confinamento. Também foram analisadas as características pessoais, tais como regulação emocional (a capacidade de responder e gerir uma experiência emocional) e o relacionamento com os outros. Acredita-se que tais características podem ser um indicador de como um indivíduo reage aos confinamentos.
A investigação contou com a participação de 216 pessoas, cada um delas designada para um de quatro grupos: “nostalgia”, “gratidão”, “otimismo no futuro” e ainda um grupo controlo.
O grupo “nostalgia” foi incentivado a pensar num episódio sentimental ocorrido antes do confinamento; os participantes do grupo “gratidão” foram encorajados a elencar três aspetos que correram bem durante o dia e porquê; o grupo “otimismo no futuro” foi incentivado a pensar na sua vida futura, após o confinamento. Por último, foi pedido a cada um dos membros do grupo de controlo que se lembrasse do enredo de um filme que tivesse visto recentemente. Os participantes foram então questionados sobre os seus pensamentos e sentimentos.
Os investigadores verificaram que aqueles que participaram na intervenção sobre “gratidão” relataram níveis mais elevados de ligação social do que os participantes do grupo “nostalgia”. Verificou-se também que os participantes do grupo “otimismo no futuro” tiveram emoções significativamente mais positivas do que aqueles que pertenciam ao grupo da “nostalgia”. Os investigadores acreditam que a gratidão e o otimismo direcionam a atenção da pessoa para aspetos positivos da sua vida, dando-lhe esperança e impedindo que se foque demasiado sobre a sua situação atual.
Amelia Dennis, investigadora pós-graduada da Universidade de Surrey, referiu: “As três intervenções têm-se revelado benéficas para as pessoas que atravessam um período difícil da sua vida. No entanto, como os confinamentos continuam, as pessoas têm sido confrontadas com desafios invulgares. Descobrimos que olhar para o futuro e apreciar o que é positivo atualmente nas nossas vidas, é mais benéfico do ponto de vista psicológico do que recordar o passado”.
“As restrições atuais e os eventuais confinamentos futuros eliminaram o sentimento de controlo das nossas vidas. Pela nossa saúde, precisamos de reconhecer o que temos em vez de lamentar o que perdemos”.
Os participantes também foram inquiridos sobre as suas características pessoais no que diz respeito ao relacionamento com os outros e à regulação das emoções. Os investigadores descobriram que aqueles que acreditam que são dignos de amor e mais inclinados a sentir que os outros são dignos de confiança, têm maior probabilidades de manter o seu bem-estar mental durante os períodos de confinamento. As pessoas com maior regulação emocional também foram consideradas mais resilientes às circunstâncias atuais, o que protege o seu bem-estar geral.
Jane Ogden, professora de Psicologia da Saúde na Universidade de Surrey, afirmou: “Os dois confinamentos do ano passado afetaram dramaticamente o nosso bem-estar mental e emocional, e é provável que quaisquer confinamentos futuros venham a ter o mesmo efeito. Os relatos de aumento dos níveis de depressão e de ansiedade são preocupantes porque podem ter um impacto negativo na nossa saúde física. É importante que compreendamos quais as técnicas psicológicas que mais podem beneficiar e ajudar as pessoas durante estes períodos inquietantes e difíceis”.
Informação bibliográfica completa:
Journal: Journal of Positive Psychology
Authors: Professor Jane Ogden and Amelia Dennis
Paper title: Evaluating the impact of a time orientation intervention on well-being during the COVID-19 lockdown: past, present or future?
NR/AG/HN/Adelaide Oliveira
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