Aprovada primeira combinação de medicamentos com toma mensal contra o VIH nos EUA

22 de Janeiro 2021

A agência norte-americana do medicamento (FDA, em inglês) aprovou a primeira combinação de medicamentos de longa ação contra o VIH/Sida, que consistem em injeções mensais para substituir os comprimidos diários atualmente utilizados para controlar a infeção.

Segundo noticia a agência AP, a expetativa da aprovação desta combinação de duas doses, com o nome Cabenuva, torna mais fácil aos infetados manterem o seu tratamento para o VIH e a sua privacidade.

Esta é uma grande mudança face a um passado não muito distante, em que os pacientes tinham de tomar vários comprimidos, várias vezes ao dia, cronometrados cuidadosamente entre as refeições.

“Vai permitir aumentar a qualidade de vida” ao precisar do tratamento apenas uma vez por mês, afirmou na quinta-feira o especialista em VIH da Universidade da Califórnia, no Estado de São Francisco, Steven Deeks.

O médico, que não tem ligação ao fabricante do medicamento, salientou ainda que “as pessoas não querem ouvir o lembrete diário de que estão infetadas com o VIH”.

O Cabenuva combina rilpivirina, vendida como Edurant pelo grupo Janssen, da Johnson & Johnson, e um novo medicamento, cabotegravir, da ViiV Healthcare.

Os dois medicamentos são embalados juntos e administrados como injeções separadas uma vez por mês.

A administração de uma dose a cada dois meses está também em fase de teste.

A FDA aprovou o Cabenuva para uso em adultos que tenham a sua doença bem controlada com os medicamentos tradicionais para o VIH e que não mostrem sinais de resistência viral aos dois medicamentos.

Foi ainda aprovada uma versão em comprimido do cabotegravir, para ser tomado com rilpivarine durante um mês, antes de mudar para as injeções, para ter certeza de que os medicamentos são tolerados.

A ViiV revelou que a combinação de injeção terá um custo de 5.940 dólares [cerca de 4.880 euros] para uma dose inicial superior e 3.960 dólares [cerca de 3.253 euros] por mês para as doses seguintes.

Esta empresa acrescentou que o preço está “dentro da faixa” dos valores aplicados atualmente à combinação de comprimidos diários.

Vários estudos determinaram que os pacientes têm uma grande preferência por injeções.

“Mesmo as pessoas que estão a tomar um comprimido apenas uma vez por dia referem que irá melhorar a sua qualidade de vida ao mudar para uma injeção”, referiu uma especialista em HIV da Universidade da Califórnia, Judith Currier.

A consultora do Viiv divulgou a sua análise acompanhada de um estudo sobre o medicamento, publicado no ‘New England Journal of Medicine’.

Steven Deeks disse ainda que os medicamentos de longa duração são também uma esperança para atingir grupos que têm dificuldade em se manter no tratamento, como pessoas com doenças mentais ou problemas com drogas.

“Há uma grande necessidade por resolver” que as injeções podem ajudar, apontou.

A Viiv está ainda à procura de obter uma aprovação para a utilização do cabotegravir para a prevenção do VIH.

Dois estudos recentes descobriram que as vacinas de cabotegravir, administradas a cada dois meses, tinham melhores resultados do que os comprimidos de Truvada com toma diária para impedir que pessoas não infetadas contraíssem o vírus de um parceiro sexual infetado.

LUSA/HN

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