Um novo estudo da Faculdade Miller de Medicina da UM, realizado entre 2019 e 2021, recorreu a um sistema de processamento e sequenciação de células individuais para observar os cérebros de portadores de ApoE4 de ascendência africana e europeia, com uma resolução mais alta do que a utilizada até agora.
A conclusão é que, entre indivíduos com a mesma variante do gene ApoE4 de alto risco, aqueles que têm ascendência europeia “têm uma presença significativamente mais alta do gene do que aqueles que têm ascendência africana”.
O estudo envolveu a análise de dados genéticos e sequenciação de ARN (ácido ribonucleico) de mais de 60 mil núcleos de células extraídas dos tecidos cerebrais de pacientes de Alzheimer portadores de ApoE4, com ambas as as ascendências.
Anthony Griswold, do Instituto John P. Hussman de Genética Humana da UM, afirmou que o estudo mostra também um aumento de um tipo de célula (astrócitos) em alguns cérebros de portadores de ApoE4 de ascendência local europeia, o que pode “contribuir para um maior risco” de Alzheimer.
O próximo passo para os investigadores é tentar determinar se foi o facto de alguns dos portadores de ApoE4 com ascendência local europeia terem em maior quantidade um tipo de astrócito que se sabe ser destrutivo para as células cerebrais que causou a maior tendência de desenvolver a doença degenerativa cerebral.
A análise revelou ainda que as pessoas com ascendência europeia revelavam uma alta presença de tipos de células cerebrais que se formam com o stress e são tóxicas para os neurónios.
O estudo sugere, segundo Griswold, que “reduzir a presença de ApoE4 pode ser benéfico para reduzir o risco de doença”, abrindo caminho a novos tratamentos.
LUSA/HN
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