Agora que se conhecem mais pormenores do contrato celebrado entre o consórcio ArtraZeneca/Universidade de Oxford para a compra de Mais de 300 milhões de vacinas, a estupefação perante o que foi combinado deixa-me pasmo.
Não há reembolsos em caso de incumprimento por atraso nas entregas, como também já não havia possibilidade de responsabilização em caso de efeitos adversos.
Ou seja, as vacinas adquiridas pelos 27 chegarão quando e nas quantidades que o fabricante anglo-sueco decidir.
A agravar a situação, um estudo conduzido pela Euler Hermes, divulgado pelo Jornal económico, indica que o objetivo da Comissão Europeia, em vacinar 70% da população adulta até ao verão do presente ano, terá de ser seis vezes mais rápido, caso a entidade queira ver este objetivo cumprido. “À velocidade atual só será possível atingir a imunidade de grupo no final de 2022”, estima a Euler Hermes, uma vez que as farmacêuticas também têm apresentado atrasos na produção das vacinas. Em vez de 80 milhões de doses, serão só 31milhões as doses que a AstraZeneca irá entregar à EU no primeiro trimestre. Uma redução de 60% face ao contratado. Mas como não há multas… Nada a fazer senão esperar por melhores dias.
A Pfizer/BioNTech também tem os fornecimentos em atraso e já avisou que vai entregar menos frascos da vacina do que era suposto na próxima remessa.
Pelo andar da carruagem, apontam os peritos, está comprometido o objetivo da União Europeia de vacinar 80% das pessoas dos grupos mais vulneráveis e profissionais de saúde até março e 70% dos adultos até ao verão. Na melhor das hipóteses e tendo em conta a execução do plano europeu de vacinação, só no final de 2022 estaremos todos vacinados.
No total, a União Europeia comprou 760 milhões de doses destas vacinas — 600 mais 160 milhões, respetivamente —, que permitem vacinar 380 milhões de pessoas (cerca de 80% daqueles que estão previstos ser vacinados). O problema é que, segundo o Financial Times, citado pelo Observador, estas duas empresas só conseguem assegurar a entrega de 355 milhões de doses até setembro.
E de nada vale queixarmo-nos. Aqui há dias (27/01) Uma reunião de alto nível entre representantes da EU e a farmacêutica esteve para ser cancelada por desfastio desta contra as críticas da Presidente da Comissão, Ursula von der Leyen.
Também muitos deputados do Parlamento Europeu têm criticado o segredo à volta dos contratos assinados entre Bruxelas e as diferentes empresas farmacêuticas. O problema prende-se com as cláusulas de confidencialidade que ao não permitirem conhecer os detalhes dos contratos, também impedem que o seu cumprimento seja controlado.
Agora que vê os contratos não serem cumpridos, o Parlamento Europeu sabe que estes preveem poucas sanções e nenhum reembolso. E quer controlar a produção e a exportação. Alguns deputados europeus pedem mesmo que os 27 usem a “Bomba Atómica” para pôr na linha as farmacêuticas. Como? Retirando as patentes aos laboratórios para que as vacinas possam ser fabricadas por outros. Algo que tendo em conta a fibra da atual Comissão parece muito pouco verosímil.
Enfim, de clientes passámos todos a pedintes.
MMM
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