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Depois de prevenir, haverá espaço para remediar?
Na passada segunda-feira, a Direção Geral da Saúde (DGS) e o Infarmed suspenderam a vacina da AstraZeneca. Três dias depois, a vacina voltou a ser autorizada.
Compreende-se que depois de pecar por defeito (e falta de informação) no início da pandemia a DGS esteja mais cautelosa e queira tomar medidas preventivas. Mas será a comunicação sobre vacinação o espaço para avanços e recuos?
Desde o início da pandemia, a importância da comunicação estratégica de saúde tem sido cada vez mais evidente. Importância esta ampliada num país com baixo nível de literacia em saúde. A desinformação e o medo propagam-se ainda mais rápido que o vírus e as desconfianças sobre as vacinas contra a COVID-19 são uma barreira extra no cumprimento do Plano Nacional de Vacinação.
Por tudo isto, terá feito sentido a decisão de comunicar a suspensão da vacina por parte da DGS e do Infarmed, quando a Agência Europeia do Medicamento não o tinha feito? Será que a pressão política e social se sobrepôs à estratégia de comunicação? A ideia de tomar medidas por osmose é catastrófica e põe em causa o alcance da imunidade de grupo.
Mesmo depois de um ano de pandemia, continuamos a assistir a uma comunicação reativa e não estratégica. É importante não esquecer que até – e sobretudo – a comunicação de crise deve ser estratégica.
Como se convence agora alguém com 65 anos a tomar a vacina da AstraZeneca?
O medo é um sentimento que só se combate com informação e conhecimento: é importante que a população perceba que não há nenhuma causalidade comprovada entre a toma da vacina da AstraZeneca e a formação de coágulos sanguíneos mas, para isso, é necessária a ajuda de todos! É preciso que os meios de comunicação não fomentem o pânico em nome do clickbait e é preciso que a DGS e o Infarmed compreendam que o que comunicam pode influenciar o sucesso do Plano de Vacinação.
Está na altura de começar a comunicar estrategicamente e de forma a que todos compreendam. É urgente colocar a comunicação em primeiro lugar e nunca esquecer que o sucesso de um plano de comunicação é medido pela forma como a audiência recebe a informação, não pelas nossas intenções ao comunicar.
Muito bom, concordo!