A MIS-C é considerada uma doença rara que pode surgir em crianças após contraírem o vírus. Os sintomas incluem: febre alta, erupções cutâneas, conjuntivite e dores no corpo são sintomas comuns em crianças com esta doença, que podem ser seguidos de sintomas mais severos, decorrentes da insuficiência cardíaca que frequentemente desenvolvem.
Os especialistas alertam que apesar de ter uma taxa de mortalidade reduzida a doença internamento hospitalar e pode levar a consequências graves, como a falência de vários órgãos, nomeadamente o coração, os pulmões e os rins.
Neste sentido, o estudo analisou dois casos de MIS-C. As crianças foram tratadas com um produto de terapia celular – designado Remestemcel-L – à base de células estaminais mesenquimais da medula óssea. A opção por este tipo de células é justificada pelos autores tendo em conta os seus efeitos anti-inflamatórios, de regulação do sistema imunitário e de estimulação da reparação de tecidos danificados e da formação de novos vasos sanguíneos.
Relativamente ao historial clínico dos pacientes o estudo revela que as crianças uma com 4 e outra com 10 anos, eram saudáveis e começaram por apresentar febre alta persistente, sintomas gastrointestinais e mal-estar geral durante cerca de 5 dias. Posteriormente, foram hospitalizadas com hipotensão, insuficiência renal aguda, choque, disfunção cardiovascular e marcadores inflamatórios muito elevados.
Ambas as crianças foram inicialmente tratadas com medicação convencional, incluindo corticosteroides e anticoagulantes. No entanto, embora se tenha observado alguma melhoria no seu estado clínico, houve uma série de parâmetros importantes que continuaram a apresentar valores anormais, nomeadamente os marcadores inflamatórios e de insuficiência cardíaca. Por esta razão, as crianças foram consideradas para terapia com células estaminais, no âmbito de um tratamento experimental.
As crianças receberam duas infusões intravenosas de Remestemcel-L, com 2 dias de intervalo, que resultaram na normalização da função cardíaca e da inflamação. Esta recuperação permitiu que tivessem alta entre 2 a 5 dias após o segundo tratamento com células estaminais.
Bruna Moreira, investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal, explica que, “tendo em conta o sucesso do tratamento destas duas crianças, a utilização de células estaminais mesenquimais parece constituir uma opção terapêutica promissora no tratamento da síndrome inflamatória multissistémica pediátrica associada à Covid-19”.
Até à data, aproximadamente 1100 pessoas, incluindo 311 crianças, foram já tratadas com o Remestemcel-L, com um perfil de segurança e eficácia favorável.
LUSA/HN
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