Durante o ciclo cardíaco, verificam-se dois momentos importantes: a sístole e a diástole. O primeiro corresponde ao momento em que o sangue é bombeado do coração para a artéria aorta, enquanto que o segundo se refere ao instante em que o sangue entra no coração e se verifica, ao mesmo tempo, o relaxamento do músculo cardíaco. E é neste segundo momento – a diástole – que pode ser detetada a chamada disfunção diastólica.
Para chegar à conclusão sobre o aumento do risco de morte, os investigadores da FMUP, em parceria com o Serviço de Cardiologia do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, analisaram os dados de 19 artigos científicos publicados ao longo da última década, que relacionavam a presença de disfunção diastólica em adultos e a ocorrência de eventos cardiovasculares e de morte, num universo de aproximadamente 63 mil indivíduos.
“Os resultados mostraram que a disfunção diastólica se associa a um aumento de 3,5 vezes do risco de um evento cardiovascular grave, como insuficiência cardíaca ou enfarte agudo do miocárdio, e a um aumento de 3,1 vezes do risco de morte por todas as causas”, esclarece Ricardo Ladeiras-Lopes, investigador da FMUP e autor principal deste trabalho de investigação.
Em comunicado, os investigadores salientam que, segundo dados europeus, a perturbação do relaxamento cardíaco afetará cerca de uma em cada três pessoas, sendo mais recorrente em idosos, obesos, diabéticos e pessoas hipertensas ou com síndrome metabólico.
A intolerância ao exercício, a falta de ar e o cansaço fácil são alguns dos principais sintomas da disfunção diastólica, “embora algumas pessoas possam ser perfeitamente assintomáticas e nem se aperceberem de nada numa fase inicial”, referem.
De acordo com Ricardo Ladeiras-Lopes, “é fundamental que durante a realização do ecocardiograma na investigação do doente com suspeita de patologia cardiovascular, seja procurada esta possível alteração, para que se possa gerir de forma mais agressiva o conjunto de fatores de risco associados à disfunção diastólica”.
“Estando presente, reforça ainda mais a necessidade de promover hábitos de vida saudável nestes indivíduos”, sublinha o cardiologista do Porto, citado no comunicado.
LUSA/HN
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