“O Governo brasileiro agradece a generosidade do Governo da Espanha, que anunciou a doação de medicamentos do chamado ‘kit intubação’ para abastecer os estoques dos hospitais brasileiros na linha de frente do combate à Covid-19”, indicou o Ministério das Relações Exteriores do Brasil em comunicado.
A doação atendeu a um pedido feito pelo próprio Ministério, “no contexto dos esforços da diplomacia da saúde”, e “será efetivada através da Direção-Geral de Proteção Civil e Operações Europeias de Ajuda Humanitária”.
A previsão é de que os medicamentos saiam da Espanha no final da próxima semana com destino ao país sul-americano.
Várias cidades brasileiras têm reportado falta de medicamentos para intubação de pacientes com Covid-19.
A rede de saúde pública de São Paulo, o estado mais afetado pela pandemia no Brasil, alertou na quinta-feira para a escassez desses medicamentos.
O Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo (COSEMS-SP) revelou que 68% dos centros de saúde da rede metropolitana não possuíam mais relaxantes musculares, que evitam as contrações musculares reflexas durante a intubação, e que 61% esgotaram os estoques de sedativos.
“Há 40 dias mandamos cartas ao Ministério da Saúde para alertá-los e pedir ajuda. São medicamentos importantes para sedar os pacientes” que passam pelo processo de intubação, detalhou o secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, em entrevista à Rede Globo.
Já o governador de São Paulo, João Doria, apelou na quinta-feira a deputados federais e senadores, na rede social Twitter, que descubram o motivo que levou os pedidos de ajuda a serem “ignorados”.
“Faço um apelo aos Deputados Federais e Senadores de São Paulo que verifiquem porque os nove ofícios que enviamos ao Ministério da Saúde, solicitando medicamentos para entubação, foram ignorados. Enquanto isso, estamos adotando providências para adquirir os medicamentos no mercado internacional”, informou Doria.
“Não tivemos nenhuma resposta. É omissão e descaso do Governo Federal com a população”, acrescentou o governador, expondo os ofícios enviados à tutela da Saúde.
Segundo a imprensa brasileira, citando vários profissionais de saúde, alguns pacientes intubados tiveram de ser amarrados às camas, ao acordarem e tomarem consciência, por falta de sedativos.
O Brasil, que enfrenta atualmente a pior fase da pandemia, com o colapso de vários hospitais, totaliza 365.444 mortes e 13,7 milhões de infetados pelo novo coronavírus.
A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.974.651 mortos no mundo, resultantes de mais de 138,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
LUSA/HN
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