“A ação climática é uma oportunidade de investimento de três triliões de dólares em África até 2030”, disse António Guterres, assinalando que, apesar de o continente africano ser o mais rico em recursos solares, concentra apenas 2% do investimento em energias renováveis.
António Guterres falava, numa mensagem gravada, na sessão de abertura do Fórum de Investimento Verde UE-África, organizado pela Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia e pelo Banco Europeu de Investimento, para debater o papel da Europa na transição para uma economia verde no continente africano.
O secretário-geral das Nações Unidas assinalou a convergência de agendas para o “financiamento da transição verde e de uma maior resiliência” climática, considerando que a Europa será “um parceiro-chave” de África neste processo.
“África enfrenta uma procura crescente de consumo de energia industrial e doméstica, procurando ao mesmo tempo promover o desenvolvimento sustentável e implementar a Agenda 2063”, disse.
“A União Europeia comprometeu-se a alinhar a sua recuperação pandémica com objetivos climáticos reforçados para 2030 e a deixar de financiar infraestruturas de combustíveis fósseis no estrangeiro”, acrescentou.
Por isso, defendeu Guterres, numa altura em que vários países africanos estão a reforçar a aposta em energias renováveis, particularmente solar e eólica, é o momento de “acelerar o investimento” nestas áreas.
O secretário-geral da ONU apontou como uma das prioridades de investimento a conjugação da criação de emprego com as tecnologias verdes, nomeadamente no setor das renováveis.
“O desenvolvimento das capacidades técnicas das mulheres e dos jovens africanos para estes novos postos de trabalho permitiria simultaneamente combater o desemprego e a crise climática”, disse.
Defendeu também como essencial, criação de incentivos às indústrias para adotarem soluções de energia verde e a aposta em empresas “start up”, fornecendo garantias de risco para os investidores privados.
Por outro lado, advogou, para que seja assegurado, pelas doações bilaterais e multilaterais, que “50% de todo o financiamento público para o clima seja dedicado à adaptação e à facilitação do acesso ao financiamento”.
Para Guterres, estas medidas, são “cruciais para a proteção dos ganhos de desenvolvimento e para assegurar uma prosperidade equitativa a longo prazo”.
Sob o tema “O futuro verde de África, novas vias de investimento para um desenvolvimento inclusivo sustentável”, a iniciativa decorre em formato misto presencial e virtual e conta ainda com participações, entre outros, da presidente da Comissão Europeia, Úrsula Von der Leyen, do presidente do Banco Africano de Desenvolvimento, Akinwumi Adesina, do primeiro-ministro português, António Costa, do empresário e filantropo sudanês Mohamed Ibrahim e do economista guineense Carlos Lopes.
O fórum enquadra-se na preparação da próxima cimeira União Africana (UA)/União Europeia (UE) – adiada de 2020 e ainda sem data marcada – e encerra um mês de diálogo entre europeus e africanos sobre desenvolvimento sustentável e investimento verde, que incluiu a realização de 23 conferências virtuais a partir de várias cidades europeias e africanas.
Portugal detém a presidência da União Europeia no primeiro semestre de 2021, tendo elegido a relação com África como uma das prioridades.
LUSA/HN
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