Academia de Medicina venezuelana pede aos EUA que doe excedente de vacinas

10 de Maio 2021

A Academia Nacional de Medicina (ANM) venezuelana pediu ao Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que doe o excedente de vacinas contra o novo coronavírus à Venezuela.

O pedido foi feito através de uma carta enviada ao embaixador dos EUA para a Venezuela, James Story, anunciou o presidente da ANM, Enrique S. López Loyo.

“Temos acompanhado com atenção o esforço extraordinário que a administração do Presidente Biden tem feito para vacinar os cidadãos dos EUA, bem como a possibilidade de o seu país doar o excesso de vacinas em seu poder para nações menos favorecidas”, diss aos jornalistas.

“Sabendo que há muitos países que poderiam beneficiar com esta ação generosa de solidariedade, sugerimos respeitosamente que a Venezuela seja considerada entre eles”, acrescentou.

Na carta, a ANM sublinha que a Venezuela está a “enfrentar uma crescente epidemia da covid-19, que se soma a uma crise humanitária complexa que afeta o país desde 2016”.

“A Academia tem alertado repetidamente sobre a grave situação de ter que confrontar dita pandemia com um sistema de saúde colapsado e sem o número de doses de vacinas necessárias para imunizar a quase 15 milhões de venezuelanos, ou seja, a 70% da população adulta”, explica.

Por outro lado, explica que “a conduta perante esta epidemia põe a Academia Nacional da Venezuela numa situação única para facilitar uma possível doação, servindo de garantia de um processo que sem dúvidas seria muito complica”.

“A Academia tem mantido uma posição institucional sólida e independente na busca de opções seguras e confiáveis para cobrir os requerimentos das vacinas que a Venezuela necessita, antepondo os nossos 117 anos de história e a altíssima credibilidade das nossas executórias”, afirma.

Na sexta-feira, o presidente da Federação Médica Venezuelana (FMV), Douglas León Natera, alertou que a Venezuela necessita 40 milhões de doses de vacinas contra a covid-19, sublinhando que o número de contágios no país é superior ao divulgado publicamente.

“Apenas chegaram 880 mil à Venezuela e necessitamos de 40 milhões de doses para imunizar a população venezuelana. O Governo não cumpriu a promessa de comprar dez milhões de vacinas”, disse Douglas León Natera.

Desde o início da pandemia de covid-19 no país, em março de 2020, morreram “365 médicos e 166 profissionais de saúde”, indicou, sublinhando, no comunicado, que “não há camas nos hospitais para atender pacientes” com covid-19.

De acordo com os dados oficiais, o país contabilizou 2.291 mortes associadas ao novo coronavírus SARS-CoV-2 e 207.870 casos da doença, desde o início da pandemia.

A organização não-governamental Médicos Unidos da Venezuela (MUV) indicou que, entre março de 2020 e terça-feira, morreram 537 profissionais da área da saúde.

A Venezuela recebeu meio milhão de doses de vacinas da farmacêutica estatal chinesa Sinopharm e pelo menos 250 mil doses da vacina russa Sputnik V.

Entretanto, Caracas anunciou ter adquirido mais de 11 milhões de vacinas contra a covid-19, através do Fundo de Acesso Global para Vacinas Covid-19 (Covax).

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.284.783 mortos no mundo, resultantes de mais de 157,5 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

FPG//MIM

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