Padrão desestabilizador da Rússia não mudou, está pior, diz Von der Leyen

25 de Maio 2021

A presidente da Comissão Europeia comentou hoje que as ações da Rússia com vista a desestabilizar países vizinhos mas também a União Europeia constituem um padrão já com anos, que “não mudou” e, pelo contrário, “está a piorar”.

Ursula von der Leyen falava em conferência de imprensa, já hoje de madrugada, depois de um “debate estratégico” sobre a Rússia ao nível de chefes de Estado e de Governo da UE, no qual os 27 pediram à Comissão e ao Alto Representante para a Política Externa que elabore um relatório sobre “opções políticas” para as relações futuras com Moscovo.

“Fizemos um ponto da situação e todos concordámos que a Rússia está consistentemente a desafiar tanto os nossos interesses como os nossos valores, pelas suas ações no passado, mas também no presente”, começou por apontar.

“Todos conhecemos interferências e desestabilização nos países vizinhos, tais como Ucrânia, Moldova e Geórgia, e vimos a tentativa de enfraquecer a União Europeia e prejudicar Estados-membros, através de ameaças híbridas, sabotagem, assassinatos, táticas de divisão, ciberataques, campanhas de desinformação. Assistimos a este padrão há anos. Não mudou, está a piorar”, declarou.

No entanto, a presidente do executivo comunitário notou que “a UE e a Rússia estão vinculadas a um futuro comum”, pois, entre outras razões, a Rússia é “o maior vizinho da União Europeia” e “um ator importante para enfrentar os desafios globais e abordar assuntos regionais”, razão pela qual é necessário refletir sobre que tipo de relação pode a UE ter com este seu vizinho, algo para o qual a Comissão e o chefe da diplomacia, Josep Borrell, vão contribuir com a elaboração de um relatório, a ser apreciado pelos líderes já em junho.

“Decidimos pedir à Comissão e ao Alto Representante que apresentem um relatório com opções políticas para que possamos, ao nível do Conselho Europeu, voltar ao assunto em junho, e estabelecermos orientações políticas claras”, explicou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

O Conselho Europeu condenou hoje as “atividades ilegais, provocadoras e disruptivas da Rússia contra a União Europeia” e convidou a Comissão Europeia a apresentar, nas próximas semanas, um relatório com “opções políticas” para as futuras relações com Moscovo.

A posição dos 27 consta de conclusões adotadas pelos chefes de Estado e de Governo da UE, reunidos em Bruxelas, na sequência de um “debate estratégico” sobre as relações com a Rússia, já previsto para o anterior Conselho Europeu de março, mas adiado por a cimeira afinal ter sido celebrada em formato virtual, o que suscitava receios de segurança dada a vulnerabilidade das videoconferências.

Nas curtas conclusões adotadas, e que não apresentam surpresas face ao previsto, os líderes europeus reafirmam “a unidade e solidariedade da UE face a tais atos”, alargando o seu apoio aos “parceiros de Leste” também alvo das interferências russas.

Um ponto das conclusões é expressamente dedicado à “solidariedade com a República Checa” e “apoio à sua resposta”, no recente diferendo diplomático que opôs Praga a Moscovo, na sequência da expulsão de diplomatas russos acusados pelas autoridades checas de serem espiões militares.

Tal como previsto, os líderes dos 27 convidam o Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, e a Comissão Europeia a elaborarem “um relatório com opções políticas para as relações UE-Rússia”, a ser apreciado na próxima cimeira, que decorrerá já no próximo mês de junho.

A terminar, o Conselho Europeu aponta que “a UE vai prosseguir a coordenação com parceiros que pensam da mesma forma”.

Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia iniciaram ao início da noite de segunda-feira, em Bruxelas, um Conselho Europeu cuja agenda da primeira sessão foi totalmente consagrada à política externa.

Numa cimeira que prossegue terça-feira, com a pandemia da covid-19 e o combate às alterações climáticas na agenda, Portugal está representado pelo primeiro-ministro, António Costa, que não prestou declarações à imprensa no primeiro dia de trabalhos.

NR/HN/LUSA

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Consórcio português quer produzir terapias inovadoras com células CAR-T

Um consórcio português que junta clínicos, investigadores e académicos quer desenvolver capacidade nacional para produzir terapias inovadoras com células CAR-T, uma forma avançada de imunoterapia que tem demonstrado taxas de sucesso em certos cancros do sangue, foi hoje divulgado.

Consumo de droga em Lisboa aumentou e de forma desorganizada

Uma técnica de uma organização não-governamental (ONG), que presta assistência a toxicodependentes, considerou hoje que o consumo na cidade de Lisboa está a aumentar e de forma desorganizada, com situações de recaída de pessoas que já tinham alguma estabilidade.

Moçambique regista cerca de 25 mil casos de cancro anualmente

Moçambique regista anualmente cerca de 25 mil casos de diferentes tipos de cancro, dos quais 17 mil resultam em óbitos, estimaram hoje as autoridades de saúde, apontando a falta de profissionais qualificados como principal dificuldade.

Ana Povo e Francisco Nuno Rocha Gonçalves: secretários de estados da saúde

O XXV Governo Constitucional de Portugal, liderado pelo Primeiro-Ministro Luís Montenegro, anunciou a recondução de Ana Margarida Pinheiro Povo como Secretária de Estado da Saúde. Esta decisão reflete uma aposta na continuidade das políticas de saúde implementadas no mandato anterior.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights