“Até 9 de junho, foram identificados 92 casos da linhagem Delta (B.1.617.2 ou associada à Índia). Existe transmissão comunitária desta variante, mais evidente na região de Lisboa e Vale do Tejo”, adianta o relatório de monitorização das “linhas vermelhas” da pandemia hoje divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).
No anterior relatório, divulgado a 04 de junho, o INSA avançava que tinham sido registados 74 casos desta variante e admitia que, perante as várias introduções verificadas no país, se poderia estar perante transmissão comunitária, o que hoje foi confirmado.
Um estudo publicado hoje pela Direção-Geral de Saúde de Inglaterra (Public Health England, PHE) assegurou que a variante Delta é 60% mais transmissível do que a Alpha, associada ao Reino Unido, ela própria mais transmissível do que as estirpes iniciais do novo coronavírus.
O relatório da DGS e do INSA, além de estimar que a variante Alpha seja responsável por 88,4% dos casos de infeção em Portugal, adianta que, até 09 de junho, foram identificados 111 casos da variante Beta, associada à África do Sul, e 142 casos da Gama, associada a Manaus no Brasil.
Existe transmissão comunitária dessas variantes, adiantam ainda as duas entidades.
A análise de risco da DGS e do INSA avança também que o número de novos casos de infeção por SARS-CoV-2 por 100 mil habitantes, acumulado nos últimos 14 dias, foi de 83 casos, com “tendência crescente a nível nacional”.
O índice de transmissibilidade (Rt) apresenta valores superiores a 1 a nível nacional (1,07) e em todas as regiões de saúde, à exceção da região Norte, sugerindo uma tendência crescente, mais acentuada na região de Lisboa e Vale do Tejo, que regista um Rt de 1,12.
“Mantendo-se esta taxa de crescimento, o tempo para atingir a taxa de incidência acumulada a 14 dias de 120 casos por 100 mil habitantes será de 15 a 30 dias para o nível nacional, tendo sido ultrapassado esse limiar em Lisboa e Vale do Tejo”, alerta o relatório das linhas vermelhas.
De acordo com os mesmos dados, a proporção de testes positivos para SARS-CoV-2 foi de 1,6, valor que se mantém abaixo do limiar definido de 4%, e observou-se um decréscimo do número de testes para deteção do vírus realizados nos últimos sete dias, para o “qual contribuiu o feriado do dia 3 de junho”.
Na última semana foram realizados 296.306 testes, menos 29.084 do que os 325.390 feitos nos sete dias anteriores.
O número diário de doentes de covid-19 internados em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) no continente, que na quarta-feira era de 72, revelou uma tendência crescente, correspondendo a 29% do valor crítico definido de 245 camas ocupadas.
“Nos últimos dias, este indicador tem vindo a assumir uma tendência crescente. A região de Lisboa e Vale do Tejo, com 34 doentes internados em UCI, representa 47% do total de casos em UCI”, avança o relatório.
“Dado o intervalo de tempo esperado entre o aumento do número de infeções e o número de internamentos em UCI, a tendência crescente deste indicador impõe cautela na vigilância do aumento da incidência, em especial na população sem esquema vacinal completo”, concluiu o documento do INSA e da DGS.
Em Portugal, morreram 17.044 pessoas dos 855.951 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
LUSA/HN
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