Banco Mundial prevê que economia timorense cresça menos em 2021

14 de Junho 2021

O Banco Mundial reviu em baixa as suas previsões de crescimento da economia timorense este ano, de 3,1 para 1,8%, devido aos impactos da pandemia da covid-19 e dos efeitos das cheias do início de abril.

“Espera-se que a economia recupere a médio prazo, mas os constrangimentos estruturais continuarão a ser um impedimento para o crescimento mais rápido. As reformas para aumentar a produtividade e a competitividade são cruciais”, sustenta-se num relatório da instituição.

O Banco Mundial estima que a economia caiu 7% no ano passado, a maior queda desde a restauração da independência, com os gastos públicos a descerem 9%.

“Medidas de saúde pública e menor confiança dos consumidores enfraqueceram o consumo privado, enquanto a incerteza política no início de 2020 prejudicou a despesa pública – atrasando a aprovação do orçamento para 2020. Além disso, as restrições internacionais de viagens dificultaram as exportações de serviços”, nota-se.

No relatório económico divulgado no fim de semana, a instituição apontou que os dois fatores levaram a atividade económica a ficar “substancialmente enfraquecida”, antevendo que o crescimento da despesa pública em 2021 ajudará ao crescimento de 1,8% do PIB.

“A covid-19 está a propagar-se rapidamente, apesar dos primeiros sucessos na contenção do vírus. A somar a estes desafios está o rescaldo do ciclone Seroja, que provocou inundações, deslizamentos de terra, perdas humanas consideráveis e prejuízos económicos a Timor-Leste em abril de 2021”, refere-se no relatório.

“Em conjunto, estas emergências de saúde e humanitárias estão a minar a recuperação económica do país em 2021, embora a recente aprovação de um orçamento revisto possa proporcionar algum alívio”, sustenta-se.

Pedro Martins, economista do Banco Mundial, notou que a pandemia “perturbou consideravelmente a atividade económica em 2020 e 2021”, com a covid-19 a ser “o principal risco para as perspetivas económicas, uma vez que pode exigir medidas de contenção prolongadas para evitar grandes perdas humanas”.

Neste quadro, refere-se, a rápida vacinação é “agora mais crítica do que nunca”.

Gastos de capital caíram quase metade, tendo as transferências públicas aumentado com medidas de apoio a famílias e empresas.

As receitas domésticas não petrolíferas desceram, com o défice orçamental a diminuir para 26% do Produto Interno Bruto (PIB), principalmente devido à menor despesa pública.

As importações diminuíram 19%, “especialmente devido à desaceleração dos serviços de construção e de viagens” e as exportações caíram quase para metade.

A inflação desceu para 0,5% em 2020, enquanto a taxa de câmbio efetiva real apreciou cerca de 1% – devido a um dólar mais forte dos EUA – tendo o volume de crédito ao setor privado crescido 11% em 2020, principalmente devido a empréstimos mais elevados a particulares.

Entre outras matérias, o relatório incluiu uma análise sobre o fortalecimento do sistema de saúde do país, onde apesar dos “bons progressos em muitos indicadores de saúde, subsistem desafios significativos”.

A pandemia e as inundações de abril, nota-se, “destacaram e agravaram as fraquezas subjacentes ao sistema de saúde de Timor-Leste”, incluindo em saúde materna e infantil e doenças infecciosas.

Entre as recomendações, o Banco Mundial defendeu mais investimentos nos cuidados de saúde primários e o reforço de competências e capacidades dos profissionais de saúde.

“O investimento na preparação de emergência é também crucial para uma gestão eficaz e respostas a crises futuras”, sustenta-se.

NR/HN/LUSA

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