Em declarações à Lusa, Ricardo Sousa garantiu que a “procura manteve-se muito constante ao longo do tempo, mesmo durante o confinamento”.
Ainda assim, “surpreendeu-nos que 45% dos portugueses demonstrem hoje vontade de trocar de casa. Têm hoje uma perspetiva diferente” da habitação, indicou.
A empresa resolveu levar a cabo este inquérito, que abrangeu 450 pessoas em duas fases, em outubro de 2020 e em janeiro de 2021, para perceber “quais eram as novas necessidades, as novas perspetivas que as pessoas tinham da casa”, segundo o CEO.
“O que estávamos a fazer era regra geral muito similar ao que tínhamos antes e todo o discurso que tínhamos apontava para novas tendências”, adiantou.
Segundo informação enviada pela empresa, “quase todos os inquiridos (95%) passaram o confinamento na sua residência habitual e o grau médio de satisfação com a casa onde passaram o período de recolhimento obrigatório imposto pela pandemia é de 8,3 em 10”.
Ainda assim, “65% dos inquiridos identificaram novas necessidades relativamente à sua habitação, durante o confinamento” sendo que “após o confinamento 45% dos portugueses assumem que gostariam de mudar de casa”, salientou o grupo.
No entanto, revelou, “29% confessaram que gostariam de mudar, mas não têm capacidade económica, 11% já tinham planeado mudar de casa antes do confinamento, 3% não tinham planeado, mas, após o confinamento, consideraram uma mudança de habitação, enquanto 2% dos inquiridos afirmam que gostariam de mudar, mas sentem-se desencorajados com o processo de comprar e vender, e pelo próprio conceito de mudança”.
As razões para quererem mudar assentam, sobretudo, “na dimensão da casa e mais do que isso na otimização do espaço”, visto que pretendem um espaço para trabalhar e para as crianças, adiantou Ricardo Sousa.
A Century 21 destaca ainda que “43% dos inquiridos sentem-se satisfeitos com a casa onde vivem”.
Ricardo Sousa alertou “para o rendimento disponível dos portugueses”, sendo que a “esmagadora maioria não pode pagar mais de 500 euros por mês”.
Assim, de acordo com os resultados do estudo, “os montantes que mais pessoas estariam dispostas a pagar por uma hipoteca, ou arrendamento, situam-se entre os 301 e os 400 euros (25%) e entre os 201 e os 300 euros mensais (22%)”. Já 17% “poderiam pagar até 500 euros mensais, enquanto apenas 11% dos inquiridos têm disponibilidade financeira para chegar aos 600 euros”, adiantou a consultora.
De acordo com a Century 21 “os resultados do estudo demonstram ainda que quase nove em cada 10 famílias preferem ser proprietárias de uma casa, 59% acreditam que se trata de um investimento no futuro e 21% assumem mesmo que a casa é uma herança que pretendem deixar para os filhos”.
Por outro lado, “dos 11% que optam por habitação arrendada, 57% justificam que de momento não têm capacidade financeira para investir na aquisição de casa, 19% ainda não tomaram decisões sobre a zona onde querem viver e apenas 11% preferem arrendar para terem maior mobilidade”.
Segundo Ricardo Sousa, o “mercado de habitação está extremamente dinâmico”, com a ajuda de “taxas de juro muito baixas e crédito a habitação disponível que permitem a compra de casa”.
Ainda assim, realça, “em mais de uma década o setor e o Estado falharam em ter soluções de habitação ajustadas onde se concentra a maioria da procura, ou seja, na classe média”.
“Este desafio continua a ser um limitador a que o mercado cresça mais e a justificação para os preços estarem estáveis”, indicou.
LUSA/HN
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