Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar diz que falta de condições de trabalho leva a taxa de abandono de 30%

30 de Junho 2021

O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) revelou esta quarta-feira que a taxa de abandono da profissão ronda os 30% e justifica esta opção com a falta de condições de trabalho.

“Ao longo dos últimos anos as condições de trabalho têm vindo a deteriorar-se, o que tem consequências diretas na missão do INEM e no socorro à população”, disse Rui Lázaro, presidente do STEPH, numa audição na Comissão Parlamentar de Saúde.

O sindicalista disse aos deputados que “a tutela e o INEM não têm dado as respostas necessárias para fixação dos técnicos, que acabam por procurar outras alternativas”, uma informação contraposta pelo presidente do instituto, que foi depois ouvido e que afirmou que “há questões que ultrapassam conselho diretivo do instituto”, como a grelha salarial e as posições remuneratórias da carreira.

“O que temos procurado fazer é garantir que tudo é pago, tem sido essa uma preocupação fundamental (…). Mas há questões que ultrapassam as competências do conselho diretivo”, disse Luís Meira, acrescentando que “o INEM tem feito um esforço significativo para garantir as melhores condições de trabalho possíveis”, mas reconhecendo que “há problemas”.

Sobre a falta de condições de trabalho, o STEPH deu o exemplo: “os eletrocardiógrafos das ambulâncias, mandados retirar 2016 por indicação do Infarmed. O equipamento ainda não foi reposto e continuamos a medir tensão arterial de forma manual”.

Apontou igualmente o facto de existirem “várias bases do INEM sem condições para os técnicos poderem tomar um duche depois do trabalho”, quando mudam de roupa antes de regressar a casa.

Na audição de hoje, o responsável do STEPH apontou ainda a violação de direitos laborais no caso de trabalhadores-estudantes e grávidas, por exemplo, uma acusação rejeitada pelo INEM, assim como a “perseguição” de dirigentes sindicais.

“Além de um desrespeito por vários aspetos legislação laboral, como o estatuto do trabalhador-estudante, grávidas, ainda mais em período de amamentação, e a própria representatividade sindical tem um tratamento diferenciado, com queixas já apresentadas”, afirmou Rui Lázaro, exemplificando: “Nos 22 elementos desta estrutura sindical, há 17 procedimentos para processo disciplinar e justificação de faltas”.

Questionado pelos deputados, o presidente do INEM rejeitou estas acusações: “O conselho diretivo desconhece qualquer desrespeito por direitos laborais”.

A escassez de técnicos obriga a que estes profissionais façam muitas horas extraordinárias, tendo o sindicato indicado uma média mensal de 100 horas extra por técnico de emergência pré-hospitalar.

A falta de recursos tem, segundo STEPH, obrigado a manter paradas algumas ambulâncias em todo o país. A este respeito, Rui Lázaro exemplificou com o caso de Coimbra, cuja previsão para julho é que as ambulâncias não tenham um único turno.

A este respeito, Luís Meira reconheceu que há meios inoperacionais, mas por diversos motivos que não só a falta de meios humanos (incluindo as avarias e acidentes), mas disse que quanto aos helicópteros e às viaturas medicas de emergência a taxa de funcionamento está acima dos 98%.

Reconheceu que nas ambulâncias de emergência médica onde trabalham os teph e nos motociclos de emergência medica a taxa operacionalidade “não esta tão elevada”, mas tem melhorado.

“Por falta de técnicos para garantir turnos, estamos a falar, em ambulâncias de emergência médico, de 6,1% de turnos que não tem sido possível assegurar”, disse o responsável, reconhecendo, contudo, o “esforço” destes técnicos.

Sobre a falta de monitores nas ambulâncias, Luís Meira apontou o concurso lançado para ultrapassar a questão – “um investimento de 600 mil euros que vai permitir dotar ambulâncias com o equipamento necessário” – e sobre a renovação da frota de ambulâncias disse que estava em curso um processo aquisição, contando em setembro/outubro ter 45 ambulâncias novas na frota do INEM.

Por seu lado, o presidente do STEPH apontou ainda a falta de esclarecimentos da parte do Ministério da Saúde sobre o acordo coletivo da careira especial, cujas negociações terminaram em 2018 e que ainda não foi publicado.

Ainda antes de acabar a audição, o presidente do INEM deu conta de que estão “praticamente concluídas” as negociações com a Liga dos Bombeiros Portugueses para redefinir o valor a pagar pelo serviço prestado pelos bombeiros.

“O protocolo já tem muitos anos (…) e a última alteração ao valor do pagamento foi em 2011/12”, explicou.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

SPAIC certifica unidades de asma grave em Portugal

A Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) lançou o “Guia para a Certificação de Unidades de Asma Grave”, visando reconhecer oficialmente centros especializados na abordagem da asma grave. Em Portugal, 5% dos adultos com asma enfrentam esta condição debilitante.

O que a escola sabe, a saúde precisa de conhecer

Sérgio Bruno dos Santos Sousa
Mestre em Saúde Pública
Enfermeiro Especialista de Enfermagem Comunitária e de Saúde Pública na ULSM
Gestor Local do Programa de Saúde Escolar na ULSM
ORCID

Cristo Rei ilumina-se de azul no Dia Mundial da Doença de Parkinson

No próximo dia 11 de abril, o Cristo Rei será iluminado de azul em Almada como parte da iniciativa global Spark the Night, que visa aumentar a consciencialização sobre a Doença de Parkinson. Este movimento simboliza apoio aos milhões de pessoas afetadas pela condição neurodegenerativa.

Conferência Sustentabilidade em Saúde regressa ao CCB

No dia 1 de julho, entre as 09h00 e as 13h00, o Centro Cultural de Belém acolhe a 13ª Conferência Sustentabilidade em Saúde. Organizada pela AbbVie e o Expresso, o evento apresentará o Índice Saúde Sustentável e discutirá o impacto da inteligência artificial na saúde.

Update em Medicina 2025: Inscrições Encerram a 18 de Abril

As inscrições para o Update em Medicina 2025 terminam a 18 de abril. O evento decorre de 30 de abril a 2 de maio no Convento de São Francisco, em Coimbra, com um formato híbrido que combina sessões presenciais e online, abrangendo temas essenciais da prática clínica.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights