Sintomas de hipertensão nas mulheres de meia-idade são frequentemente atribuídos à menopausa

6 de Julho 2021

As complicações na gravidez e a menopausa precoce aumentam, no futuro, o risco de doenças cardíacas nas mulheres. Cardiologistas, ginecologistas e endocrinologistas recomendam ajudar as mulheres de meia-idade a prevenir […]

As complicações na gravidez e a menopausa precoce aumentam, no futuro, o risco de doenças cardíacas nas mulheres. Cardiologistas, ginecologistas e endocrinologistas recomendam ajudar as mulheres de meia-idade a prevenir os problemas cardíacos num documento de consenso da “European Society of Cardiology” (ESC), publicado recentemente no “European Heart Journal”.

“Os médicos devem intensificar a deteção da hipertensão arterial em mulheres de meia-idade”, refere o documento. “Mais de 50% das mulheres têm hipertensão antes dos 60 anos de idade, mas os sintomas – por exemplo, afrontamentos e palpitações – são frequentemente atribuídos à menopausa”.

“A pressão arterial elevada é chamada `hipertensão´ nos homens, mas nas mulheres é frequentemente rotulada, erroneamente, de stresse ou sintomas da menopausa”, diz a Profª. Angela Maas, diretora do Women’s Cardiac Health Programme, do Centro Médico da Universidade de Radboud, Nijmegen, na Holanda. “Sabemos que a pressão arterial é menos bem tratada nas mulheres do que homens, pondo-as em risco de fibrilhação auricular, insuficiência cardíaca e AVC – o que deveria ser evitado”.

“A vida de uma mulher fornece pistas de que é preciso começar cedo com a prevenção”, refere a especialista. “Temos de avaliar as pacientes do sexo feminino de forma diferente dos homens, e não apenas indagar sobre o colesterol elevado. Isto permitir-nos-á classificar as mulheres de meia-idade como de alto risco ou de baixo risco de doença cardiovascular”.

A pré-eclâmpsia está ligada a um risco quatro vezes maior de insuficiência cardíaca e hipertensão e a um risco de AVC duas vezes superior. As mulheres que têm menopausa natural precoce (isto é, não cirúrgica), antes dos 40 anos de idade, são também mais suscetíveis de desenvolver doenças cardiovasculares – cada ano está associado a um risco aumentado de 3%. Condições inflamatórias auto-imunes, tais como artrite reumatóide e lúpus, são mais comuns nas mulheres do que nos homens e aumentam o risco cardiovascular na menopausa.

“Há várias fases da vida em que podemos identificar subgrupos de mulheres de alto risco”, acrescenta a  Prof.ª Angela Maas. “A pressão arterial elevada durante a gravidez é um sinal de aviso de que a hipertensão arterial pode desenvolver-se quando uma mulher entra na menopausa e está associada à demência muitas décadas mais tarde. Se a pressão arterial não for abordada quando as mulheres estão na casa dos 40 ou 50 anos, terão problemas por volta dos 70, quando a hipertensão é mais difícil de tratar”.

O documento fornece orientações sobre como gerir a saúde cardiovascular durante a menopausa, após complicações na gravidez, e durante outras situações, tais como o cancro da mama e a síndrome dos ovários poliquísticos (SOP).  É reconhecido o papel importante de um estilo de vida e dieta saudáveis, por exemplo, para uma gestão ótima da saúde na menopausa e nas mulheres com SOP, que têm um risco aumentado de pressão arterial elevada e de diabetes tipo 2 durante a gravidez.

Embora, na menopausa, a terapia hormonal de substituição (THS) seja indicada para aliviar sintomas como suores noturnos e afrontamentos em mulheres com mais de 45 anos, os autores recomendam a avaliação dos fatores de risco cardiovascular antes de iniciar a THS. A terapia não é recomendada em mulheres com elevado risco cardiovascular ou após AVC, ataque cardíaco ou coágulo sanguíneo.

O documento também inclui recomendações para mulheres transgénero. “Estas mulheres precisam de fazer terapia hormonal para o resto das suas vidas e o risco de coágulos sanguíneos aumenta com o tempo”, refere a Profª. Angela Maas. O documento assinala que as mulheres transgénero “devem ser sempre encorajadas a reduzir os riscos relacionados com os estilos de vida modificáveis”, ao mesmo tempo que reconhece que “os benefícios psicossociais da terapia hormonal, com a melhoria da imagem corporal, podem resultar em escolhas de estilos de vida mais saudáveis”.

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É necessário que os cardiologistas, ginecologistas e endocrinologistas colaborem para prestar os melhores cuidados às doentes do sexo feminino, defende a especialista. Por outro lado, “as mulheres podem ajudar os médicos a prevenir problemas cardíacos e fazer diagnósticos mais cedo, mencionando questões como gravidezes complicadas e menopausa precoce, e monitorizar a sua própria pressão arterial”.

Mais informação em:

Maas AHEM, Rosano G, Cifkova R, et al. Cardiovascular health after menopause transition, pregnancy disorders, and other gynaecologic conditions: a consensus document from European cardiologists, gynaecologists, and endocrinologists. Eur Heart J. 2021. doi:10.1093/eurheartj/ehaa1044.

 

 

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