A Clínica Espregueira FIFA Medical Centre of Excellence, Porto, tem experiência na reabilitação de pessoas após infeção pelo Coronavírus SARS-CoV-2, agente causal da COVID-19. Esta doença pode passar despercebida, provocar sintomas ligeiros e passageiros, levar à doença grave com afeção de vários sistemas (respiratório, cardiovascular, urinário, etc.) e internamento, inclusive em cuidados intensivos ou à morte. As pessoas com internamentos longos e privadas de mobilidade, experimentam consequências graves, variadas e bem conhecidas da imobilidade. É recomendável a fisioterapia e a intervenção de fisioterapeutas para recuperar a condição física, facilitar a reabilitação psicossocial e para reintegrar rapidamente as pessoas na sociedade.
Os doentes com COVID-19 graves com disfunção respiratória ou neuromuscular após a alta hospitalar devem ser reabilitados em contexto clínico, articulando a fisioterapia respiratória e a medicina. Particularmente, nos doentes com hipertensão pulmonar, insuficiência cardíaca congestiva, miocardite, trombose venosa profunda ou outras doenças é determinante para a segurança decidir em equipa o plano de reabilitação. Atendendo às evidências da SARS e da MERS (síndrome respiratório do médio oriente), e da experiência pós alta com doentes com SARS, os doentes com COVID-19 podem apresentar debilidades físicas significativas, dificuldades respiratórias antes ou após o exercício, atrofia muscular (inclusive dos músculos respiratórios) e distúrbios psicológicos.
A reabilitação resulta da história clínica, avaliação individual e minuciosa em vários domínios, i.e., clínico (se há doenças a considerar além das consequências da covid-19, assim como, síndrome metabólica, doenças cardiovasculares ou pulmonares, músculo-esqueléticas, etc.), atlético (hábitos de exercício físico) sociodemográfico (idade, características do agregado familiar, etc.). O trabalho interdisciplinar é determinante para o sucesso. Há que salientar que a idade é um fator de risco para diferentes condições clínicas e sociais. Impõe-se uma atenção clínica multidisciplinar. Devemos lembrar que a debilidade física pode causar dependência nas atividades da vida diária.
Há critérios para decidir a indicação ou não de programas de exercício terapêutico ou a interrupção. Exemplos de critérios de exclusão: frequência cardíaca > 120 bpm; saturação de oxigénio ≤ 95%; etc. A monitorização é importante e no caso dos parâmetros indicados, pode ser feita com um oxímetro de dedo. Exemplos de critérios para interrupção do exercício: variação da temperatura corporal > 37,2ºC; quando os sintomas respiratórios ou a fadiga pioram ou não aliviam após o repouso; opressão torácica; dor torácica; falta de ar, entre outros.
A avaliação deve ser completa, adequando medidas e testes ao doente. Deve incluir a avaliação clínica geral, da falta de ar, da força muscular, amplitudes de movimento, funcionalidade, equilíbrio e tolerância ao esforço, para referir algumas das mais frequentes e/ou importantes. É crucial avaliar antes de tratar. Vários pressupostos clínicos e técnico-científicos, assim como, a experiência clínica suporta a eficácia de realizar, na maioria dos doentes sequelas de covid-19, 8 a 12 semanas de exercício terapêutico para restaurar e desenvolver a função cardiorrespiratória, a força muscular, a mobilidade e o retorno a uma vida normal e à desejada e plena participação social. A fisioterapia é determinante para a reabilitação e recomendada pela Clínica Espregueira FIFA Medical Centre of Excellence.
Rogério Pereira, Diretor da Academia Clínica do Dragão, Clínica Espregueira FIFA Medical Centre of Excellence
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