Em declarações à Lusa à margem da concentração e conferência de imprensa agendada para junto do Hospital das Forças Armadas de Lisboa, Isabel Barbosa, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), explicou que o universo de enfermeiros civis de Lisboa e Porto ronda os 130 e que algumas das exigências são comuns aos profissionais do Serviço Nacional de Saúde, a que acrescem outras.
“Houve uma alteração da grelha salarial a partir de 2010 em que foi feito um acerto nos anos de 2011, 2012 e 2013 para enfermeiros que estavam a ganhar abaixo do ingresso dessa grelha salarial. Aquilo que o Governo considera, e as instituições, nomeadamente o Hospital das Forças Armadas, é que isso foi um aumento salarial, quando o que nós dizemos é que foi um ajustamento, porque se estava a ganhar abaixo da tabela”, explicou.
Segundo Isabel Barbosa, só a partir daí (2011, 2012 ou 2013) é que contabilizam todos os anos para efeitos de progressão na carreira, o que faz com que “enfermeiros com 20 anos de casa, por exemplo, ainda se encontram na primeira posição remuneratória ou até no mesmo nível que enfermeiros que estão a começar a trabalhar”.
“Acresce a injustiça de não contabilizar corretamente os pontos até 2014 porque até aí, em vez de um ponto por ano, como acontece agora, deveriam ser contabilizados 1,5. Esta situação já foi regularizada na esmagadora maioria das instituições do Serviço Nacional de Saúde e aqui [Hospital das Forças Armadas] não”, sublinhou.
A responsável disse ainda que, o facto de o Hospital das Forças Armadas não fazer essa consideração “é o suficiente para os enfermeiros não progredirem e estarem, por exemplo, um ou dois anos sem o ajustamento remuneratório”.
“Isto dá 200 euros por mês. Ao fim do ano é fazer as contas”, frisou.
O sindicato defende ainda que os enfermeiros civis especialistas deveriam, de janeiro de 2018 a junho de 2019, ter recebido o suplemento de especialista, “como aconteceu em todas as unidades do Serviço Nacional de Saúde”.
“Aqui nós consideramos que se devem aplicar as mesmas regras da carreira de enfermagem, mas o Hospital das Forças Armadas não considerou isso e os enfermeiros não ganharam este suplemento de especialista”, contou.
Explicou ainda que, quando foi alterada a carreira, em junho de 2019, os enfermeiros que ganhavam o suplemento “transitaram para a categoria de especialista”, e sublinha que no caso dos enfermeiros civis das forças armadas “não houve nenhum enfermeiro a transitar para a categoria”.
O sindicato quer que estes enfermeiros ganhem os retroativos do suplemento que deveriam ter recebido de janeiro de 2018 e junho de 2019, e até agora, e que transitem para a categoria de especialista.
“No fundo, a nossa exigência é que os enfermeiros sejam valorizados aqui também”, acrescentou.
Isabel Barbosa disse ainda que esta situação seria por demais justa, sobretudo numa altura em que os enfermeiros responderam a todas as solicitações relativas à pandemia e à vacinação, “foram sobrecarregados nos seus horários e tiveram prejuízos sérios na sua vida pessoal e na sua vida familiar”.
LUSA/HN
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