Presidente da República congratula-se com esforço para enriquecer matriz de risco

27 de Julho 2021

O Presidente da República congratulou-se esta terça-feira com o que considerou ser um esforço dos especialistas para completar e enriquecer a matriz de risco de evolução da Covid-19 que serve de base às medidas do processo de desconfinamento.

Marcelo Rebelo de Sousa falava na 22.ª sessão sobre a evolução da Covid-19 em Portugal, no auditório do Infarmed, em Lisboa, após ouvir as apresentações dos especialistas.

Segundo o chefe de Estado, “há aqui um esforço da parte dos especialistas para, à medida que o processo avança, irem completando e enriquecendo aquilo que normalmente se chama de matriz, o quadro, o espaço de manobra de decisão dos políticos, e concretamente do Governo e das autoridades sanitárias “.

O Presidente da República, que já no final de maio tinha defendido uma mudança na matriz de risco, referiu-se à perspetiva de inclusão de “novos dados” para a ponderação das medidas a adotar: “Como é que estão as mortes, em termos de letalidade, e como é que a vacinação avança”.

“Isto são dados muito importantes”, considerou.

Marcelo Rebelo de Sousa destacou as apresentações das especialistas Andreia Leite e Raquel Duarte que, no seu entender, demonstraram “um esforço de incluir naquele espaço de manobra dado aos políticos para decidir, além daquilo que são os indicadores fundamentais, que têm sido a transmissibilidade e o número de casos, a incidência, outros fatores de ponderação: os internamentos, nomeadamente em cuidados intensivos, a letalidade, e ao mesmo tempo, para estar presente permanentemente, o avanço da vacinação”.

O Presidente da República fez uma intervenção de cerca de quinze minutos nesta sessão no Infarmed, em que começou por saudar o diálogo entre especialistas e políticos, declarando que “é bom completarem-se os dois pontos de vista” e haver “decisões informadas”.

“Os políticos são escolhidos pelo povo e respondem por isso no dia a dia, perante outras instituições de poder, periodicamente em eleições perante o povo e permanentemente perante os tribunais – uma vez que a prática, aliás, salutar, é a de não responsabilizar no nosso país juridicamente especialistas por aquilo que é o seu contributo de informação aos políticos”, assinalou.

Os especialistas podem ter “várias escolas, várias sensibilidades, vários pontos de vista”, mas depois os políticos “têm de pegar nisso e converter numa só decisão”, acrescentou o chefe de Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu em 28 de maio que se devia mudar a matriz de risco, face à crescente taxa de imunidade da população portuguesa contra a Covid-19, argumentando que os novos casos de infeção já não se estavam a projetar em internamentos, cuidados intensivos e mortes como anteriormente.

Na altura, sugeriu que na avaliação da situação da Covid-19 em Portugal se conjugasse os números de internamentos, cuidados intensivos e mortes com o índice de transmissão e a incidência de novos casos por 100 mil habitantes.

Desde então, o Presidente da República tem reiterado que há uma “grande diferença” entre o cenário atual e os números que se verificavam quando vigorou o estado de emergência e insistido na mensagem de que “a vida tem de continuar” e de que “há mais vida para além da pandemia”.

Hoje, no final da sua intervenção nesta sessão no Infarmed, o chefe de Estado declarou-se “irritantemente otimista”, expressão que antes atribuía ao primeiro-ministro, António Costa.

“Penso que saímos daqui com uma esperança reforçada que se chama vacinação, mas que se chama em geral este encontro virtuoso entre o contributo dos especialistas e o entendimento desse contributo por parte dos decisores políticos, nomeadamente o Governo”, concluiu.

Em Portugal, já morreram mais de 17 mil doentes com Covid-19 e foram registados até agora mais de 939 mil casos de infeção com o novo coronavírus, de acordo com a Direção-Geral da Saúde (DGS).

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Sónia Dias: “Ciência da Implementação pode ser catalisador para adoção de políticas baseadas em evidências”

Numa entrevista exclusiva ao Healthnews, Sónia Dias, Diretora da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa (ENSP NOVA), destaca a criação do Knowledge Center em Ciência da Implementação e o lançamento da Rede Portuguesa de Ciência da Implementação como iniciativas estratégicas para “encontrar soluções concretas, promover as melhores práticas e capacitar profissionais e organizações para lidarem com os desafios complexos da saúde”

MAIS LIDAS

Share This