Marcelo Rebelo de Sousa falava na 22.ª sessão sobre a evolução da Covid-19 em Portugal, no auditório do Infarmed, em Lisboa, após ouvir as apresentações dos especialistas.
Segundo o chefe de Estado, “há aqui um esforço da parte dos especialistas para, à medida que o processo avança, irem completando e enriquecendo aquilo que normalmente se chama de matriz, o quadro, o espaço de manobra de decisão dos políticos, e concretamente do Governo e das autoridades sanitárias “.
O Presidente da República, que já no final de maio tinha defendido uma mudança na matriz de risco, referiu-se à perspetiva de inclusão de “novos dados” para a ponderação das medidas a adotar: “Como é que estão as mortes, em termos de letalidade, e como é que a vacinação avança”.
“Isto são dados muito importantes”, considerou.
Marcelo Rebelo de Sousa destacou as apresentações das especialistas Andreia Leite e Raquel Duarte que, no seu entender, demonstraram “um esforço de incluir naquele espaço de manobra dado aos políticos para decidir, além daquilo que são os indicadores fundamentais, que têm sido a transmissibilidade e o número de casos, a incidência, outros fatores de ponderação: os internamentos, nomeadamente em cuidados intensivos, a letalidade, e ao mesmo tempo, para estar presente permanentemente, o avanço da vacinação”.
O Presidente da República fez uma intervenção de cerca de quinze minutos nesta sessão no Infarmed, em que começou por saudar o diálogo entre especialistas e políticos, declarando que “é bom completarem-se os dois pontos de vista” e haver “decisões informadas”.
“Os políticos são escolhidos pelo povo e respondem por isso no dia a dia, perante outras instituições de poder, periodicamente em eleições perante o povo e permanentemente perante os tribunais – uma vez que a prática, aliás, salutar, é a de não responsabilizar no nosso país juridicamente especialistas por aquilo que é o seu contributo de informação aos políticos”, assinalou.
Os especialistas podem ter “várias escolas, várias sensibilidades, vários pontos de vista”, mas depois os políticos “têm de pegar nisso e converter numa só decisão”, acrescentou o chefe de Estado.
Marcelo Rebelo de Sousa defendeu em 28 de maio que se devia mudar a matriz de risco, face à crescente taxa de imunidade da população portuguesa contra a Covid-19, argumentando que os novos casos de infeção já não se estavam a projetar em internamentos, cuidados intensivos e mortes como anteriormente.
Na altura, sugeriu que na avaliação da situação da Covid-19 em Portugal se conjugasse os números de internamentos, cuidados intensivos e mortes com o índice de transmissão e a incidência de novos casos por 100 mil habitantes.
Desde então, o Presidente da República tem reiterado que há uma “grande diferença” entre o cenário atual e os números que se verificavam quando vigorou o estado de emergência e insistido na mensagem de que “a vida tem de continuar” e de que “há mais vida para além da pandemia”.
Hoje, no final da sua intervenção nesta sessão no Infarmed, o chefe de Estado declarou-se “irritantemente otimista”, expressão que antes atribuía ao primeiro-ministro, António Costa.
“Penso que saímos daqui com uma esperança reforçada que se chama vacinação, mas que se chama em geral este encontro virtuoso entre o contributo dos especialistas e o entendimento desse contributo por parte dos decisores políticos, nomeadamente o Governo”, concluiu.
Em Portugal, já morreram mais de 17 mil doentes com Covid-19 e foram registados até agora mais de 939 mil casos de infeção com o novo coronavírus, de acordo com a Direção-Geral da Saúde (DGS).
LUSA/HN
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