João Gouveia, da ADN, salientou que já passou o tempo de ter esta discussão sobre o tabaco dentro das discotecas e defendeu que em causa está a saúde pública e qualidade do ar dentro dos estabelecimentos, que piora com o fumo do tabaco.
“Se os nossos operadores, desta indústria que é a noite, ainda não estavam preparados para dizer adeus ao tabaco dentro de seus estabelecimentos, é porque estão adormecidos há 14 anos, que é o tempo em que essa discussão está levantada, desde 2007. Era previsível que isto viesse a acontecer, até porque já não é a questão da lei do tabaco, mas é a questão da qualidade do ar, que é até uma norma europeia que não tem a ver com as normas impostas pelo nosso Governo”, disse, em declarações à Lusa, João Gouveia, da ADN.
“A forma mais fácil, até para evitar grandes investimentos, é pura e simplesmente informar os seus clientes que o consumo de tabaco só é permitido no exterior e resolve-se a questão de uma vez por todas. Já lá vai o tempo de estarmos a discutir se a área é com fumadores, se é sem fumadores, isolado ou não isolado”, acrescentou.
Para o dirigente, a contaminação do ar pelo fumo do tabaco “é evidente” e quem tem de ser defendido “são os não fumadores e os fumadores passivos e não os fumadores”.
“É uma questão de saúde pública. Não está aberto a discussão, não está aberta a opiniões”, defendeu.
João Gouveia afirmou acreditar que os empresários que não estão preparados para estas alterações “sejam muito poucos, até pelas conversas mantidas com empresários da área”, e explicou que, a nível de espaço, será fácil para as discotecas que ainda não o fizeram adaptarem uma área para fumadores, por terem mais do que os 100 metros quadrados exigidos, mas “a nível dos bares não”.
“Agora a questão é: vale o investimento? É a única questão que se coloca”, questionou.
Segundo um projeto do Governo, em consulta pública e divulgado hoje pelo jornal Público, os espaços dos fumadores em restaurantes, bares e discotecas com espaços com pistas de dança serão restringidos a empresas com mais de 100 metros quadrados e um pé direito mínimo de três metros, onde não podem ultrapassar 20% da área total.
A proposta sobre os requisitos aplicáveis aos espaços onde é permitido fumar exige também que os acessos a estes espaços para fumadores sejam feitos através de antecâmaras ventiladas para o exterior com um mínimo de quatro metros quadrados e portas automáticas de correr na entrada e na saída.
O projeto, em consulta pública até dia 17, pode ser consultado em https://www.consultalex.gov.pt/ConsultaPublica_Detail.aspx?Consulta_Id=207.
LUSA/HN
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